O renomado diretor brasileiro Karim Aïnouz foi recebido com aplausos calorosos durante a estreia de seu novo filme, “Firebrand”, no Festival de Cannes no último domingo (21). Acompanhado dos protagonistas Alicia Vikander (“A garota dinamarquesa”) e Jude Law (“Capitã Marvel”), Aïnouz expressou sua gratidão pela celebração após a exibição.
A obra concorre ao prêmio máximo do festival, a cobiçada Palma de Ouro. Vale ressaltar que Aïnouz já havia conquistado o prêmio Um Certo Olhar em 2019 com seu filme “A vida invisível”.
A trama de “Firebrand” retrata a história de Catarina Parr (interpretada por Vikander), última esposa do rei inglês Henrique VIII (Law). A astúcia de Parr (1512-1548) permitiu que ela sobrevivesse a um rei irascível, responsável pela decapitação de suas duas esposas anteriores, Ana Bolena e Catarina Howard, além de ter rompido com a Igreja de Roma para conseguir se divorciar de Catarina de Aragão.
Um cineasta sem fronteiras
Karim Aïnouz, conhecido por suas produções realizadas no Brasil, Argélia e Europa, mais uma vez demonstra sua habilidade em transitar entre diferentes contextos históricos e geográficos. Ao ser questionado sobre seu interesse como brasileiro em abordar um período tão específico da história britânica, que já foi amplamente retratado no cinema, o diretor responde com convicção: “Por que não? Quando os americanos filmaram ‘Cleópatra’, ninguém fez essa pergunta a eles”.
Aïnouz admite que recebeu a encomenda para dirigir “Firebrand” em 2020, quando seus projetos no Brasil foram temporariamente suspensos. Ele confessa ter pouco conhecimento sobre a dinastia Tudor, à qual Henrique VIII pertenceu, mas ao conhecer a história de Catarina Parr por meio de uma produtora, ele se sentiu intrigado e decidiu estudar mais sobre a personagem. Para o diretor, a oportunidade de explorar um novo tema foi atraente, embora tenha encontrado similaridades entre Catarina Parr e outros personagens femininos de suas obras.
Um enfrentamento ao patriarcado
“A vida invisível” já havia abordado a questão das mulheres em uma família brasileira dominada pela figura patriarcal nos anos 1950. Com “Firebrand”, Aïnouz enxerga o filme como uma “canção contra o patriarcado”. Ele enfatiza que não apenas é necessário combater essa estrutura, mas também é preciso destruí-la por completo.
Uma personagem complexa
Catarina Parr, interpretada por Alicia Vikander, é descrita como uma mulher extremamente inteligente e agressiva. Em meio ao caos religioso que assolava a Europa, ela se destaca por seus pontos de vista reformistas como rainha. Alicia Vikander, em entrevista, fala sobre a atração que sentiu pelo personagem e destaca a intensidade das cenas entre sua personagem e Jude Law, que interpreta um Henrique VIII obeso, paranoico e sexualmente voraz. A atriz ressalta que, além das cenas mais violentas, as sutilezas nas mudanças de humor foram particularmente interessantes de explorar durante as filmagens.
A busca pela verdade e humanidade
Alicia Vikander, uma jovem atriz sueca que ganhou destaque em 2014 no filme “Ex_Machina: Instinto Artificial”, encontra semelhanças entre seus papéis. Para ela, ambos têm como base a busca pela verdade e pela humanidade nas personagens que interpreta.
Com a estreia de “Firebrand” em Cannes, Karim Aïnouz mais uma vez demonstra sua versatilidade como diretor, explorando novos temas e contextos históricos. O filme promete impactar o público com sua abordagem contundente do patriarcado e as performances poderosas de Alicia Vikander e Jude Law.