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Projeto São José: apoio garante renda aos agricultores familiares e alimento de qualidade na mesa dos cearenses

Neste mês de março, quando é celebrado o padroeiro do Ceará, o Governo do Estado compartilha série de reportagens com histórias de beneficiários(as) do Projeto São José

O sonho plantado pela agricultora Maria do Carmo da Silva Oliveira na década de 1990, no bairro Mucunã, em Maracanaú, frutificou, ou melhor, transformou-se em toneladas de polpas de frutas produzidas mensalmente pela fábrica da Associação Menino Jesus de Praga. Lili, como era conhecida, faleceu em 1995 e não pôde ver o resultado do trabalho junto aos associados, entre eles, o filho Antônio Fernando Oliveira, de 55 anos. O legado da agricultora faz parte da história da comunidade e se entrelaça ao Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável, o Projeto São José (PSJ), do Governo do Ceará.

“No início, a ideia da minha mãe era criar a associação para alfabetizar os filhos dos agricultores e se organizar para melhorar o bairro. Anos depois da fundação, nós, com a mesma perspectiva de nossa mãe, que era uma mulher inspiradora, percebemos que podíamos participar de políticas públicas para melhorar a vida dos moradores e nossos vizinhos. Em 2016, apareceu a oportunidade de participar do Projeto São José”, relembra Antônio Fernando, que hoje é presidente da Associação Menino Jesus de Praga.

O propósito do PSJ, coordenado pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário desde 2007, é fortalecer a agricultura familiar no Ceará, aprimorando o acesso a mercados, com abordagens de resiliência climática e ampliando o acesso aos serviços de água e saneamento nas áreas rurais.

Nesse sentido, são contemplados agricultores que desenvolvem atividades agrícolas e não-agrícolas em comunidades rurais e famílias rurais sem acesso à água potável e esgotamento sanitário, sendo todos representados por suas associações comunitárias, associações de produtores, cooperativas ou outros tipos de organizações legalmente constituídas.

A quarta fase do Projeto, lançada em 2020, beneficiará cerca de 440 mil pessoas direta e indiretamente até 2025, com investimento total de R$ 750 milhões. A iniciativa é resultado de acordo firmado pelo Governo do Ceará com o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). Também dentro do Projeto, o Governo do Ceará desenvolve o São José Jovem, para financiar, via edital, cerca de 300 projetos produtivos inovadores conduzidos por jovens rurais entre 18 e 29 anos.

Leia também: Projeto São José: Fruticultura irrigada na Vila Cajazeiras, em Aracati

Na persistência do sonhar

A Associação Menino Jesus de Praga, com o apoio do Projeto São José – na terceira fase (2013 a 2019) –, construiu a fábrica de polpas de frutas que hoje estampa o nome da agricultora Lili nas embalagens. “A fábrica era um sonho nosso, porque a gente produzia no quartinho no quintal de casa. A gente via a necessidade de aproveitar frutas como cajá e manga, que in natura não têm muito preço. A polpa agrega valor. Por meio do São José, nós realizamos mais um sonho. Agora, nossas polpas são de cajá, acerola, manga, goiaba e outras”, detalha Antônio.

A fábrica emprega diretamente seis pessoas e conta com rede que inclui 40 associados e mais de 30 sítios. Antes da pandemia, a produção chegava a cerca de 30 toneladas de polpas mensalmente. Em 2022, ficou em torno de 13 toneladas/mês. Inicialmente, as polpas foram adquiridas pelos Programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e de Alimentação Escolar (PNAE), do Governo Federal. Recentemente, a entrada no comércio local começou a acontecer por meio de uma cooperativa, que também está se inserindo na Central de Abastecimento do Ceará de Maracanaú.

Entre os sítios fornecedores está o da agricultora Maria Geralda de Moura, 59, que gosta de ser chamada de Cristina. Em uma área de cinco mil metros quadrados, Cristina garante que planta de tudo, porque a terra é boa. “As frutas que colho aqui e vendo na Associação rendem um dinheiro que me ajuda. Tudo isso serve muito. Sem a fábrica, a gente não tinha como vender. A venda de porta em porta é difícil para quem não tem transporte. E se não tiver o milho, o feijão e a fruta que eu planto e colho, como as pessoas da cidade vão comer? É por causa de nós, agricultores, que tem comida na mesa deles”, pontua.

Do pequeno ao médio produtor, reforça Antônio, a fábrica é uma ponte para que a comunidade se reconheça e se fortaleça. “A missão da Associação é sempre incentivar o pequeno produtor. Se ele trouxer um quilo de cajá ou de acerola, nossa missão é comprar, para proporcionar uma renda à família. Para quem produz mais, nós pesamos e pagamos o preço justo”, explica.

O sol traz o futuro à existência

O cearense costuma relacionar a chuva à boa colheita, afinal, esperamos o sinal das águas para saber se o “inverno” será bom ou não. Também temos os profetas da chuva; homens e mulheres dos sertões nordestinos que, observadores da natureza, anunciam previsões.

No entanto, Antônio Fernando defende que o sol também é um amigo do agricultor. “Eu sempre digo que o sol é mais importante que a água. Porque conseguimos transportar a água, mas o sol não dá. O sol é vida e esperança. Sem ele e São José não estaríamos aqui, almejando outros objetivos. Que São José nos abençoe”, diz.

Algumas conquistas já foram alcançadas, segundo o agricultor, como as novas máquinas da fábrica e da padaria, também da Associação. A embaladora automática de polpas, por exemplo, foi adquirida em 2022 por meio do Ceará Credi, programa de microcrédito orientado e capacitação do Governo do Ceará.

Com otimismo, Antônio fala do novo sonho: instalar placas solares na fábrica. A energia do sol, abundante no Ceará na maior parte do ano, vai gerar economia e aumentar a capacidade de armazenamento e congelamento das polpas. Assim, os agricultores não sofreram tanto com a escassez relacionada à sazonalidade.

Essa redução nos custos pode impactar positivamente outros segmentos produtivos da Associação, como a horta comunitária. “Agricultor não é para estar catando latinha. É para trabalhar com a natureza. Não é todo mundo que faz isso que a gente faz. Agricultor é persistente”, conclui Fernando, ressaltando que também deseja construir uma estufa para produzir hortaliças no verão e durante o período chuvoso.

A horta comunitária é gerida pelo agricultor Jesus de Nazareno Marreiro, 51, também associado. Com suor escorrendo no rosto e o crucifixo pendurado no peito, Jesus agradece a dádiva de trabalhar junto à natureza. “Às três horas da manhã já estou de pé, e fico na Horta das cinco até as 14 horas. Às vezes perco o cheiro-verde, ou não consigo vender, mas eu não desisto de jeito nenhum. Peço todo dia ao meu paizinho do céu que dê minha saúde, porque coragem eu tenho”, afirma.




Fonte: Governo do Ceará

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