“O racismo é um sistema que opera em toda a estrutura social e está, inclusive, presente no funcionamento das instituições públicas e privadas. Para combatê-lo, precisamos estar atentos, perceber que ele se desenvolve no cotidiano, seja nas relações interpessoais, seja na dinâmica das instituições. O racismo é a manifestação de algo mais profundo, que foi enraizado na formação social brasileira, e nós, servidores e colaboradores públicos, temos o dever de saber como este sistema opera, de modo a não reproduzirmos mais desigualdade para determinados grupos devido a sua pertença racial”, destacou a secretária da Igualdade Racial, Zelma Madeira, na palestra “Questão Racial: enfrentamento e Superação do Racismo Institucional e Estrutural”, realizada, nessa quinta-feira (16), com equipes da política de qualificação profissional da Secretaria da Proteção Social.
Para Zelma Madeira, diálogos como esse com equipes que atuam com capacitação profissional são imprescindíveis para combater o racismo institucional, que limita as oportunidades para a população negra, povos e comunidades tradicionais no mercado de trabalho.
“A ideia é que estes profissionais entendam como atuar com uma postura antirracista, entendendo o que é a questão racial na sociedade brasileira e cearense. Queremos que eles entendam que incluir estes grupos que foram racializados de forma subalterna é importante para construirmos uma sociedade igualitária, diminuindo assim as desigualdades sociais e raciais, e como consequência, também diminuindo a vulnerabilidade, o desemprego e a fome”, reiterou a professora.
Diferenciar conceitos
Coordenadores, diretores, educadores e assistentes sociais participaram da capacitação e puderam aprender e diferenciar conceitos importantes como raça, etnia, preconceito racial, discriminação racial, dentre outros.
A coordenadora da Inclusão Social da SPS, Jéssica Souza, ressaltou a importância da capacitação realizada com as equipes de qualificação profissional para o enfrentamento ao racismo. “O momento da capacitação foi de extrema importância, haja vista que nossos técnicos lidam com uma grande diversidade de público, e precisam ser multiplicadores do conhecimento repassado hoje pela professora Zelma Madeira, que é uma referência neste tema”, explicou Jéssica Souza.
Mestra de cultura e de capoeira, Carla Mara Silva, professora de capoeira das sete unidades de Centros de Inclusão Tecnológica e Social (CITS) da SPS, contou um pouco das suas impressões sobre a capacitação. “Aprendi hoje muitas coisas que não sabia sobre o racismo e tudo que ouvi aqui só reforçou pra mim a importância das atitudes antirracistas no nosso dia a dia. Lidamos com políticas públicas, e é muito importante que saibamos nos posicionar diante de atitudes e falas preconceituosas para que possamos ajudar a construir um futuro com possibilidades para todas as pessoas”, refletiu a educadora.