Entre quarta e quinta-feira (8 e 9), nove equipes da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FNSUS) foram enviadas ao território Yanomami para atender a Emergência Nacional de Saúde Pública nas aldeias indígenas. Mas, antes de serem alocados para atendimento à população, o grupo é acolhido e recebe uma série de orientações antropológicas e culturais sobre os povos Yanomamis. Além disso, são capacitados no combate da malária nas regiões endêmicas e recebem instruções para atuação em casos de desnutrição grave em crianças.
Consultora Técnica da Força Nacional do SUS, Tarciana Suassuna explica: “Seguimos o protocolo de entrada em território estabelecido pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e do COE (Centro de Operações de Emergência-Yanomami) para enviar os especialistas, ou seja, eles precisam realizar o teste para Covid-19 e apresentar cartão de vacina. Eles também são responsáveis por levar o rancho, que é a comida para alimentá-los durante os sete dias que estarão em campo”.
A escolha dos alimentos varia conforme a região em que os grupos serão enviados. “Alguns grupos precisam levar mais enlatados, porque alguns pontos não têm energia ou refrigeradores. A alimentação também varia caso tenha algum profissional com restrição alimentar”, diz Tarciana.
Ao todo, as equipes podem levar 23kg em suas maletas, distribuídos entre pertences pessoais e materiais que utilizarão no atendimento dos pacientes. “Alguns deles são enviados a Polos, outros em Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI), mas isso segue o planejamento do COE Local, que estabelece os pontos de prioridade para nossa atuação”, informa a consultora técnica.
Cada equipe é composta por um médico e dois enfermeiros. O deslocamento das equipes até as aldeias que precisam de atendimento pode ser feito a pé, de barco ou por helicóptero, dependendo da situação. “Nessas idas para outras aldeias, os profissionais da Força são acompanhados por algum Agente Indígena de Saúde e profissional local, que também será o intérprete dos membros da equipe. Ou, em alguns casos, alguém da própria comunidade acompanha essas equipes na visita a outras aldeias”, salienta.
A comunicação nestes trechos é realizada via rádio, devido a impossibilidade de contato pela internet. Após sete dias de atuação em campo, a equipe é recepcionada por uma psicóloga, que atua no projeto Cuidando de quem Cuida. “A iniciativa é importante para garantir a saúde destes trabalhadores. Assim, eles têm a chance de serem ouvidos”, finaliza Tarciana.
Edis Henrique Peres
Ministério da Saúde