Monitoramento e gestão das Águas Subterrâneas do Cariri tem avançado nos últimos anos
Fortalecendo o monitoramento sistemático das águas subterrâneas do Estado e dando prosseguimento aos estudos realizados para o melhor entendimento dos Aquíferos no Cariri, geólogos e técnicos da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) visitaram na última semana as fontes João Coelho, Vale Verde e Buriti/Samambaia.
No local, serão instaladas as chamadas Calhas Parshall, um dispositivo tradicional para monitoramento e medição de vazão, cuja informação gerada é imprescindível para a correta gestão dos recursos hídricos da região.
A gerente de Estudos e Projetos da Cogerh, Zulene Almada, explicou a importância de realizar estudos contínuos das fontes e águas subterrâneas na região do Cariri. “Temos ali uma região muito conhecida por possuir a maior reserva de águas subterrâneas do estado. O crescimento econômico local, aliada a sua disposição hidrogeológica, com a ocorrência de diversas fontes, fez com que a Cogerh se dedicasse, nos últimos anos, a entender melhor o comportamento das águas subterrâneas presentes na região”.
São vários os dados já coletados pela Cogerh a respeito dos Aquíferos no Cariri. Entre os mais recentes está um estudo realizado entre 2018 e 2019, cujo monitoramento englobou 80 fontes. Neste estudo foram realizadas seis campanhas de medições de vazões e de variáveis físicas e químicas, in loco, como pH, Temperatura (oC) e Sólidos Totais Dissolvidos, além de análises bacteriológicas e de compostos nitrogenados em laboratório. “Neste caso, o objetivo foi averiguar a variação das vazões, que conforme informações dos próprios usuários, e constatado através do monitoramento sistemático, está diminuindo ou secando”, confirmou Zulene sobre os resultados do monitoramento realizado à época.
A gerente de Estudos e Projetos também ressaltou outro estudo realizado pela Companhia, iniciado em 2009. Trata-se da instalação de sensores com datalogger em 24 poços da região para medir níveis d’água (estático e dinâmico).
“Durante esses 12 anos de observações, através do acompanhamento sistemático e contínuo, observa-se como resultado o rebaixamento nos Aquíferos. Enquanto a demanda aumenta exponencialmente, a infiltração vem diminuindo nos anos monitorados, não somente pelas variações pluviométricas comuns ao semiárido, mas também pelas áreas cada dia mais impermeabilizadas seja pelo asfalto, seja pelas construções civis”, explicou Zulene.
Veja todos os relatórios relativos aos projetos desenvolvidos pela Cogerh no link
Saiba mais
Conforme inventário realizado pela Cogerh foram mapeados 58 fontes no município do Crato e 11 em Barbalha. Existem 297 fontes no território cearense. Os dados são do levantamento realizado pela Agência Nacional de Mineração (ANM), em 1996, à época conhecido como Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM).
Formação e uso das fontes
O surgimento das águas subterrâneas (fontes), em pontos de chapada, ocorre no contato da Formação geológica Exu com a Formação geológica Arajara. Este tipo de formação contempla as fontes com maiores vazões, como é o caso da fonte Batateira, que atualmente apresenta vazão de aproximadamente 300 m³/h e reforça o abastecimento da cidade do Crato. Já as fontes de menor vazão ocorrem em pontos de falhas/fraturas geológicas.
Algumas fontes são usadas para fins de lazer, como é o caso das fontes João Coelho e Bom Jesus, cujas águas abastecem o Balneário Caldas, além de algumas famílias da região. Já a fonte Gruta do Arajara, abastece outro ponto de entretenimento, o Arajara Park, em Barbalha.
Outras são exclusivas para abastecimento humano. Além da Batateira, já mencionada, tem também a fonte Boca da Mata, que abastece a sede do município de Jardim.