O primeiro trimestre de 2023 viu a economia brasileira se aquecer, impulsionada pelo setor agrícola e pelo consumo resiliente das famílias. O Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) em março confirmou a força do trimestre, com uma ligeira queda de 0,15%, mas muito menos acentuada do que as previsões iniciais dos analistas.
A expansão trimestral de 2,4% até março sugere um bom desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, de acordo com Rafael Perez, economista da Suno Research. Comparado a abril do ano passado, o IBC-Br registrou um aumento significativo de 5,46%.
Crescimento Além das Expectativas
Apesar de uma queda no indicador em abril, os setores de serviços, indústria e varejo superaram as expectativas com crescimentos de 0,9%, 1,1% e 0,8%, respectivamente. “Os dados de atividade vêm surpreendendo positivamente nos últimos meses, revelando uma maior resiliência dos principais setores”, explicou Perez.
No entanto, Perez prevê um cenário de maior estabilidade da atividade nos próximos trimestres, à medida que os efeitos favoráveis do agronegócio diminuem, a base de comparação do primeiro trimestre aumenta e os efeitos cumulativos da política monetária restritiva se manifestam.
Expectativas de Desaceleração
Marco Caruso e Igor Cadilhac, economistas do Banco Original, concordam que, apesar do bom desempenho no primeiro trimestre, a tendência geral é de desaceleração. Eles mantêm sua projeção de 1,1% para o PIB no primeiro trimestre e revisaram a previsão para o ano de 2023 para 0,9%.
O analista do Santander Brasil, Gabriel Couto, destacou que a economia ampliada apresentou sinais positivos no primeiro trimestre, principalmente devido à produção recorde de grãos. No entanto, Couto ressaltou que os dados de abril sugerem uma mistura de sinais.
Projeções Futuras
Cada instituição financeira apresentou suas próprias previsões para o futuro da economia brasileira. O Santander elevou sua projeção de crescimento do PIB no primeiro trimestre para 1,2%, citando tanto os resultados do IBC-Br de março quanto a produção agrícola. A XP Investimentos prevê que o PIB do Brasil cresça 1,4% em 2023. O JP Morgan identifica riscos de alta para as previsões do PIB, enquanto o Goldman Sachs sugere que o desempenho do PIB dependerá de uma variedade de fatores.
Em resumo, apesar do primeiro trimestre forte, os analistas estão cautelosos quanto à desaceleração futura, equilibrando as tendências positivas atuais com o impacto potencial de uma política monetária restritiva e um cenário global desafiador.