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Após um ano da reinauguração, Museu da Imagem e do Som do Ceará entrega arte, tecnologia e constrói laços com o cearense

“Para além de tudo, nós temos o Ceará, ninguém mais tem como nós. Esse é o nosso diferencial”. É assim, de forma orgulhosa, que o fotógrafo Silas de Paula descreve o Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS-CE) Chico Albuquerque. Atuando como diretor do local desde o início do projeto de reinauguração, em 2019, o diretor tomou em suas mãos o desafio de construir junto à população uma ligação entre a arte do Ceará e o cearense.

“O MIS entregou durante 42 anos uma série de coisas [à população cearense]. E, principalmente, ele tem a salvaguarda de uma memória do Ceará. [Hoje] o MIS tem um espaço muito mais voltado a experimentações. O nosso espaço é muito mais interativo no sentido de tecnologia da imagem e do som, e todas as outras tecnologias que possamos trabalhar”, destaca o diretor.

Ocupando a casa histórica localizada na Avenida Barão de Studart, 410 e integrando o chamado Espaço Abolição, a reinauguração do MIS-CE aconteceu em 31 de março de 2022. Durante a solenidade, foi reconhecido como um “presente a Fortaleza” pelo então governador Camilo Santana, hoje ministro da Educação.

Além de Fortaleza, quem recebeu esse espaço cultural como presente foi a jovem Thainá Silva. Com 19 anos, e surda, é no renovado Museu da Imagem e do Som do Ceará que ela, há um ano, se sente acolhida para ter experiências, como a da exposição imersiva, que nunca teve por conta de sua deficiência.

“Aqui eu me sinto diferente, porque quando eu era criança eu nunca tinha usado um óculos desse. Agora eu poder vir e também sentir, e saber que tem acessibilidade e legenda, eu me senti super feliz. Porque é muito diferente você estar dentro, fazer parte, poder sentir, entender sobre os peixes, sobre o mundo. É muito diferente”, conta a jovem.

A jovem esteve no MIS-CE para visitar a exposição imersiva “O meio que risca a pedra”, produzida pela Bugaboo Studio. A experiência é composta por projeções em toda a sala (livre para todas as idades e sem necessidade de agendamento) e também por uso de óculos de realidade virtual (somente para pessoas acima de 12 anos e mediante agendamento). A jovem teve a oportunidade de viver a experiência de ver a Terra do espaço e depois mergulhar no oceano, em uma bancada de corais na costa do nordeste brasileiro, revelando que a vida inteligente detectada era o ecossistema do coral.

Moradora do bairro de Fátima, localizado a poucos minutos do Museu, viu no equipamento um local de inclusão e acolhimento em meio ao coração da capital cearense. “As vezes, em alguns locais, apenas os ouvintes são privilegiados, mas aqui os surdos também conseguem ver, sentir, ter toda a experiência. Para ver principalmente, porque o surdo é muito visual também, e aqui a gente consegue ver muito também”, ressalta Thainá.

Com a atual estrutura, o MIS-CE funciona como um espaço cultural ativo, oferecendo aos mais diversos públicos diferentes atividades, como exposições simultâneas, ações de formação (visitas mediadas, cursos e palestras), exibições de vídeos e apresentações musicais, com ambientes acessíveis e a disponibilidade e intérprete de libras para auxiliar visitantes como a Thainá.

“Faz parte dessa agenda [do MIS-CE], o escutar, o falar, a gente tentar aprender e caminhar em direção a um futuro mais justo, para todas as pessoas”, ressalta o diretor do equipamento.

Construir laços

Olhar o passado, para que ele não se perca, mantendo o futuro em vista, para não ficar para trás e assim pensar o presente, tem sido o desafio diário para manter o MIS com ares de renovação e construir laços, cada vez mais fortes, com o público cearense.

“Existe a ideia de que museu só tem coisa velha e a juventude tem uma certa rejeição a determinados aspectos [que determinam a maioria dos museus]. O que o MIS procura fazer é primeiro ceder um espaço de encontro. Essa praça [em frente ao MIS] é genial. Você pode vir, sentar, às 14h você está na sombra, o que é uma benção em Fortaleza”, declara Silas.

A praça, citada pelo diretor, fica localizada na frente do museu e tem um ambiente todo planejado para acolher as pessoas. Um desses diferenciais é o som ambiente. Apesar de estar localizado em uma das vias mais movimentadas de Fortaleza, a Avenida Barão de Studart, o som que se escuta na praça é de música/ instrumentos cearenses ecoando pelas caixas de som distribuídas no local. O local também recebe ações constantemente, como apresentações musicais, exibições de vídeos, rodas culturais e até mesmo abertura de exposições. Tudo isso pensado em tornar o espaço mais aberto a todos os públicos durante esse um ano que passou.

“Logo no começo, as pessoas não passavam nem por dentro da praça, davam a volta, por não entender essa coisa tão imponente que está aí, e pensar ‘será que eu posso entrar? será que eu não posso?’ Esse é um trabalho contínuo de abertura, para qualquer pessoa entrar no museu”, destaca o diretor.

Fusão

Abrir o museu para qualquer pessoa entrar é um desafio que a organização do MIS tem levado a sério, e conseguido resultados. A educadora auxiliar do museu, Carol Rodrigues, observa, com alegria, cada vez mais essa realidade no MIS-CE, que apesar de está localizado na área nobre da cidade, recebe um imensa diversidade de pessoas.

“Tem gente de todos os tipos aqui. É bem legal trabalhar aqui no MIS, eu gosto bastante, é bem agitado. A gente tem um público muito grande, tornando o MIS um lugar sempre dinâmico e bem legal”, pontua a educadora.

Estar no equipamento cultural diariamente e observar os impactos que ele, com suas exposições, causa nas pessoas, fez com que Carol tenha construído laços com a cultura e arte que vão além do espaço de trabalho. “Eu gosto bastante [de trabalhar aqui]. Sempre que eu saio daqui, eu procuro espaços parecidos. E é muito legal ver que temos na nossa cidade um lugar como MIS, e que fazemos parte desse lugar. E é por isso que gosto bastante”, ressalta.

Imagens projetadas na estrutura do local, exposições imersivas, sons que te guiam para um outro mundo. Para Silas de Paula, a fusão de todas essas coisas e as comunidades em volta – principalmente de seus artistas locais – é uma meta, que cada dia está mais próxima de ser alcançada. Mesmo já recebendo diversas excursões – principalmente de escolas e projetos sociais – de várias partes da cidade, um projeto-piloto já está sendo pensado para trabalhar junto às comunidades, não apenas do entorno, mas de áreas mais afastadas, como o Bom Jardim, localizado do outro lado da cidade.

“É um espaço, não só de encontro, mas de fusão. [Nós estamos aqui para] trabalhar a difusão do conhecimento, de uma maneira mais informal, que consiga trazer essas pessoas, e fundamentalmente trabalhar o entorno do museu”, afirma Silas. “A gente tá começando com um projeto-piloto, com a comunidade que tem aqui do lado, do Campo de América, e outras comunidades, como o Bom Jardim, enfim, artistas de periferia. Eu acho que esse trabalho de inclusão, de pessoas invisibilizadas pelo silêncio, vão ter oportunidade de voz e imagem neste museu do Governo do Ceará”, completa.

Coração do MIS

Para além do que é projetado nas salas do MIS-CE, na área interna do museu é onde bate o “coração do MIS”. A estrutura pouco conhecida pelo público em geral, localizada no interior do museu, guarda o que há de mais precioso em um museu que busca “guardar memórias através da tecnologia”: os laboratórios onde são realizados os serviços de restauro, digitalização e impressão.

Com duas scanners – sendo os únicos exemplares deste tipo na América Latina – e outros equipamentos importados da Alemanha, o MIS-CE tem uma poderosa estrutura de tecnologia, que permite resgatar antigos arquivos não somente da história do Ceará, mas de todo o Brasil. É em contato com o longo processo de restauração desses preciosos arquivos que Gabriela Dantas, analista de preservação, conservação e digitalização passa a maior parte de seus dias.

“O primeiro passo é fazer um tratamento cuidadoso do acervo. A gente recebe da reserva técnica o item para ser higienizado aqui, no laboratório de conservação. Dependendo do que é, se for película passa pela mesa higienizadora, se for livros pela higienização mecânica, e todo esse seguimento para levar para o laboratório de digitalização, que temos equipamentos de ponta”, explica a analista.

Para Gabriela, fazer parte desse processo, de guardar e restaurar a memória cearense é incrível. É ter a oportunidade de difundir informação. “Esse processo de restauração e digitalização já é levar informação para as pessoas, é a difusão de conhecimento. A gente tem um acervo incrível sobre o Ceará. Com nosso processo de recuperação, as pessoas podem ver o Ceará antigo de uma forma visível, recuperada”.

Quem também faz parte desse processo diário é o técnico especialista de preservação, conservação e digitalização, David Felício, que destaca os desafios do processo de recuperação da memória do Ceará.

“Aqui, nós acabamos tendo diversos desafios de rever um acervo com uma tecnologia altíssima. Então, a gente tem combinado o que a gente tem de acervo no museu com essa tecnologia. Nós temos esses dois scanners, únicos na América Latina, para lidar com as películas. Mas também temos um acervo do tamanho de um museu [pertencente ao antigo MIS-CE], que temos usado para possibilitar ao público, a comunidade, a sociedade cearense possa revisitar com uma qualidade única”, pontua David.

Para o técnico e historiador, as tecnologias disponíveis no MIS-CE contribuem para muito além do que é esperado de um museu. “A gente tá fazendo história na preservação audiovisual no Estado, podendo ver, pela primeira vez, itens que são raríssimos”, finaliza.

Serviço

Museu da Imagem e do Som

Endereço: Av. Barão de Studart, 410. Meireles.

Funcionamento:

Terça a quinta: 10h às 18h, com acesso às exposições até 17h30.

Sexta a domingo: 13h às 20h, com acesso às exposições até 19h30.

Entrada: gratuita.

Para saber mais informações sobre a programação do museu, acesse as redes sociais.




Fonte: Governo do Ceará

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