Com investimento inicial previsto de pelo menos R$ 26 milhões para 2023, o Programa do Leite (PAB Leite) está sendo retomado no Ceará através da parceria entre o Estado, via Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), e o Governo Federal. O programa deverá beneficiar mais de 315 mil pessoas por meio de cerca de 2 mil entidades, com a aquisição de leite bovino e caprino junto a produtores da agricultura familiar.
Para apresentar o balanço do programa e discutir as perspectivas para este ano, a SDA, através da Coordenadoria de Apoio às Cadeias Produtivas da Pecuária (Codep), realizou nesta terça (28), o Seminário Estadual do Programa do Leite. A programação, aberta com a presença do titular da SDA, Moisés Braz, incluiu palestras, apresentações e orientações a cerca de 300 representantes de 170 municípios convidados.
Moisés Braz ressaltou “a diretriz do governador Elmano de amenizar o sofrimento dos nossos irmãos e irmãs do campo por meio da distribuição de alimentos e refeições”. O secretário adiantou que o Ceará Sem Fome vai se organizar com a participação dos municípios, da sociedade civil e das igrejas para instalar mil unidades sociais de produção de refeições em 2023. “Tem muita gente passando fome na zona urbana e também na zona rural. Até bem pouco tempo, as pessoas pediam postos de trabalho. Mas hoje elas estão pedindo comida. E o governador Elmano quer trabalhar para acabar com esse problema da fome”, explicou.
O secretário destacou que a SDA chegou a adquirir 3 milhões de litros dos agricultores familiares produtores de leite. “É um programa importante porque gera um dois, três empregos, e aqui vamos ter de ampliar, na medida do possível, para chegar a todos os municípios”, detalhou, ao informar que vai lutar para ampliar a equipe dos programas de aquisição de alimentos.
O Programa do Leite do Ceará
Em 2022, a coordenação estadual do Programa do Leite adquiriu 3.030.502 litros de leite bovino e 70.274 litros de leite caprino, beneficiando 316 mil pessoas por meio de 2.333 entidades em 150 municípios. Atendeu a 1.345 produtores da agricultura familiar, com investimentos da ordem dos R$ 10,1 milhões.
A coordenadora do PAB Leite na SDA, Gizeli Morais, se disse feliz com a realização do seminário. Ela agradeceu a presença de todos os parceiros da secretaria, ressaltou o trabalho dos coordenadores do programa nos municípios e secretários envolvidos, e informou que todos teriam a oportunidade de avaliar o evento. “Passamos períodos muito difíceis nos últimos quatro anos e vocês estavam lá na ponta. Quero que a gente saia daqui com a esperança renovada. Vamos atender ao povo, que é quem precisa lá na ponta, e fazer o diferencial no Estado”, disse.
Representante do deputado Missias do MST e do movimento, Júnior Mendes enfatizou a importância do seminário tendo em vista o debate sobre o combate à fome encampado em todo o país. “Esse assunto foi por nós tratado em sessão na Assembleia Legislativa que destacou a Campanha da Fraternidade, porque afinal de contas, a fome não espera”, pontuou.
Já o vice-presidente da Fetraece, Erinaldo Lima, valorizou a presença dos gestores municipais. “São vocês que têm o desafio de levar a política pública para os que mais necessitam. Que possamos sair daqui com esse compromisso ainda mais forte”, ressaltou.
A representante da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), Regina Praciano Gaisan, comemorou a recriação e a posse do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), pelo presidente Lula no dia de hoje. “Esse conselho foi extinto em janeiro de 2019 e hoje estamos retomando a luta”, afirmou ela, ao adiantar que o conselho estadual deverá ser empossado nos próximos dias. Integrante do Grupo de Trabalho de combate à fome do Estado, ela lembrou que no dia 21 será lançado o projeto Ceará Sem Fome. “Serão ações emergenciais e estruturantes, e o PAA Leite e PAA são nossos grandes parceiros. Afinal, todas as ações estruturantes serão pensadas junto com os municípios. Hoje é dia de festa. Parabéns à SDA pelo seminário, pois esse é o ano de reconstrução da segurança alimentar e nutricional”, celebrou.
Mônica Macedo, coordenadora do PAB Alimentos e representante do Consea, considera que é necessário “unir forças para que tenhamos sucesso na ponta. Juntos somos fortes”. Segundo ela, o controle social do programa também é importante, “porque nós não acompanhamos e monitoramos o que estamos fazendo. Temos que fazer esse controle nos municípios”.
Para o presidente da Ematerce, Inácio Mariano, “a partir da SDA articulamos a sociedade contra essa mazela que é a fome”. Ele revelou que a empresa está revisando seu planejamento diante das diretrizes do governo Elmano de combater a fome. “Não é possível admitir gente passando fome. Passei por essa coordenadoria [Codep] e sei da importância dela e do programa de levar leite a quem está em vulnerabilidade alimentar que atinge 26% dos lares”, acrescentou.
Também estiveram presentes ao seminário o vice-presidente da Aprece, prefeito Joacy Alves Júnior (Juju) de Jaguaribara, o futuro secretário da Pesca e Aquicultura, Oriel Nunes, os ex-deputados Pedro Lobo e Dedé Teixeira, o presidente do CEDR, Marcos Castro, secretários municipais, prefeitos, movimentos sociais.