O Ministério da Saúde lança uma nova estratégia para controle e eliminação do câncer de colo do útero, também conhecido como câncer cervical. Além do foco na redução de casos e na prevenção, como a vacinação, a iniciativa também prevê a inclusão do teste molecular para detecção do HPV, vírus sexualmente transmissível causador da doença, no Sistema Único de Saúde (SUS). Inicialmente, serão investidos R$ 18 milhões na expansão do projeto piloto de Recife para o estado de Pernambuco. Em um segundo momento, a iniciativa será ampliada para todo o Brasil. A Estratégia Nacional de Controle e Eliminação do Câncer Cervical foi lançada nesta quarta-feira (22) pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, na capital pernambucana.
O câncer do colo do útero é o quarto tipo mais comum entre a população feminina, com 17 mil casos registrados em 2023. Pelo menos 6 mil brasileiras morrem a cada ano em decorrência da doença. A vacinação contra o HPV e o uso de preservativos são as formas mais eficazes de prevenção. Atualmente, a vacina é recomendada para adolescentes entre 9 e 14 anos, além de pessoas imunossuprimidas.
Retomar as altas coberturas vacinais no Brasil para todos os imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação é prioridade do Ministério da Saúde. A queda no índice de vacinação do HPV nos últimos anos – 75% entre as meninas em 2022 – coloca essa população em risco para o crescimento de casos. Portanto, atingir a meta de 90% de cobertura é fundamental para garantir a estratégia de eliminação do câncer de colo de útero. O imunizante está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde.
Na nova estratégia, além da prevenção e controle de casos, o diagnóstico precoce também é fundamental para a redução dos casos graves e óbitos. Por isso, a nova estratégia prevê uma nova tecnologia para detecção do vírus HPV, com a inclusão do teste de HPV por PCR, exame molecular, no Sistema Único de Saúde (SUS) para aprimorar o rastreio da doença em mulheres de 25 a 64 anos.
A capital de Pernambuco, Recife, é pioneira do projeto, por isso, o estado receberá o primeiro investimento do Ministério da Saúde para expansão da estratégia em todo o seu território. Cerca de 400 mil mulheres pernambucanas serão testadas, o que corresponde a população feminina na faixa etária de 25 a 64 anos atendida pelo SUS. A estratégia também prevê a organização da Rede de Atenção do SUS, a implantação do projeto nas Unidades Básicas de Saúde e o monitoramento dos exames.
Atualmente, o diagnóstico da doença no SUS é feito apenas pelo exame citopatológico, conhecido como papanicolau. Com a nova estratégia, o rastreio será feito por um teste molecular, o RT-PCR, que identifica de forma mais precisa a presença do vírus HPV, o principal causador da doença. Por ser mais efetivo na prevenção, o exame é recomendado pela Organização Mundial da Saúde. A orientaçao do Ministério é que se o exame der positivo, a confirmação do diagnóstico deve ser feita por exame citológico e a paciente encaminhada para tratamento. No caso de resultado negativo, o teste de HPV por PCR deve ser repetido novamente em cinco anos.
A partir dos resultados de Pernambuco, o objetivo do Ministério da Saúde é expandir a nova estratégia para todo país. Essa ampliação será debatida e pactuada em conjunto com estados e municípios a partir do segundo semestre.
Ministério da Saúde