Há dois meses o Ministério da Saúde realiza ações para garantir atendimento aos povos indígenas do Território Yanomami, em razão da situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional por desassistência na região. O Centro de Operações de Emergência (COE) local e nacional, o envio de agentes de controle de endemias e de voluntários da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) e as melhorias na infraestrutura dos polo base e da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) de Boa Vista (RR) estão entre as ações realizadas pela pasta desde então.
Assistência à saúde
Mais de 9,4 mil atendimentos aos indígenas já foram realizados. A prestação de socorro aconteceu nas comunidades, aos pacientes acolhidos nas Casas de Apoio à Saúde Indígena e também aos transferidos para os hospitais do estado. Veja detalhamento:
- Hospital geral: 136 atendimentos;
- Hospital de campanha: 1.741 atendimentos;
- Polos base (realizados pela FN-SUS): 3.502 atendimentos;
- Hospital da Criança (UTI, trauma, pronto atendimento e enfermaria): 3.372 atendimentos; e
- Casai: 719 atendimentos.
As condições com maior número de notificações entre os atendimentos foram desnutrição, pneumonia, malária e queixas álgicas (dor).
O Ministério da Saúde enviou agentes de controle de endemias para realizar busca ativa de casos de malária. Os profissionais que atuam na Casai também realizam testes nos pacientes acolhidos, mesmo os assintomáticos. Ao todo, mais de 2,8 mil testes já foram feitos.
- Malária Falciparium: 194 casos positivos;
- Malária Vivax: 250 casos positivos;
- Malária Mista: 42 casos positivos.
Desnutrição
Representando uma alta parcela dos pacientes da Casai, as crianças recebem atenção especial dos profissionais. O COE local já destinou protocolos de atendimento aos agentes de saúde, principalmente no atendimento aos casos de desnutrição. Atualmente, a Casai tem 30 crianças com desnutrição grave em acompanhamento e 36 com desnutrição moderada.
O espaço conta com a produção de uma fórmula nutricional específica para as crianças indígenas, adaptada com ingredientes locais como açaí e bacaba, para garantir a melhor aceitação dos pacientes. A fórmula é fabricada e administrada no próprio local, com objetivo de reduzir a transferência para os hospitais do estado.
Alimentos
O Ministério da Saúde providenciou, nestes dois meses, a entrega de mais de 15,3 mil cestas básicas para a Terra Indígena Yanomami (TIY). Os alimentos foram adquiridos em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, com atuação do COE.
Infraestrutura
Para estruturação do Centro de Referência de Saúde Indígena no Polo Base de Surucucu, os ministérios da Saúde e da Defesa viabilizaram transporte aéreo. A expectativa é que a unidade possa se tornar um serviço permanente, mesmo após o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN). A previsão é que o centro esteja concluído até o fim de abril.
O Ministério da Saúde também providenciou a instalação de um poço tubular, no começo deste mês, na Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) Uraricoera, da região do Polo Base Palimiú. O poço tem capacidade de produção de 1,2 mil litros de água por hora e atenderá às demandas de abastecimento de água potável das populações indígenas Yanomami e Ye’kwana.
Na Casai, diversas melhorias também já foram realizadas: o espaço recebeu a entrega de ventiladores, os banheiros passaram por reformas e o espaço ganhou a implantação de duas estações de lavagem de mãos, um reservatório de hipoclorito de sódio para higienização do ambiente, além de nove bebedouros.
Visita de autoridades
Ao longo dos dois meses de situação de Emergência de Saúde Pública, diversos ministros e o próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, visitaram o território indígena para acompanhar de perto a realidade enfrentada pela população. A ministra Nísia Trindade foi ao local mais de uma vez. Recentemente, ela foi acompanhada de uma comitiva de secretários da pasta para avaliar as ações já realizadas pelo Ministério da Saúde e adotadas pelo COE.
Tecnologia
Um dos grandes desafios enfrentados nos territórios é a dificuldade de comunicação. Por isso, foi articulada a destinação de 17 maletas transportáveis satelitais, que permitem sinal de internet com conexão via satélite, além da entrega de 20 telefones satelitais. Os equipamentos foram destinados para pontos estratégicos de atuação dos profissionais no território.
O DataSUS doou 15 notebooks para o COE local, que também recebeu 24 tablets para auxiliar na prestação dos serviços. Na Casai, uma antena para conexão com internet foi instalada para permitir a comunicação com o COE.
Pesquisas
Com foco em agilizar as pesquisas e o diagnósticos na Casai, o Centro de Operações de Emergência concluiu a instalação de um laboratório de pequeno porte para qualificar a assistência prestada aos pacientes e realizar exames de rotina no local de forma simples e rápida, sem exigir logística de deslocamento dos Yanomami.
A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), articula um plano de vigilância de contaminação pelo mercúrio. Na primeira fase, será realizada a análise de amostras de cabelo de pessoas acolhidas na Casai.
Vacinação
Com o propósito de recuperar as altas coberturas vacinais, o Ministério da Saúde implantou um plano de vacinação específico para a população do território Yanomami. Até o momento, 166 doses foram aplicadas na Casai e 114 doses aplicadas no território Yanomami. Para fortalecer a mobilização pela vacina, o Ministério conta com a ajuda de líderes indígenas. Além das especificidades regionais essa população precisa passar por uma triagem de avaliação do estado de saúde, isso porque determinadas condições clínicas, como a desnutrição, exigem cuidados no momento da imunização.
Edis Henrique Peres
Ministério da Saúde