Brasília (DF) – O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) promoveu, nesta quarta-feira (1), um debate on-line para celebrar o Dia Internacional de Proteção e Defesa Civil. O evento abordou, com especialistas, o método de mapeamento simplificado e adaptação ao Brasil para identificação de áreas suscetíveis à ocorrência de fluxos de detrito (pedras por exemplo).
O debate foi o nono da série Bate-Papo com a Defesa Civil, que é realizada uma vez por mês, com transmissão pelo canal do MDR no YouTube. A discussão foi mediada pelo coordenador de Estudos Integrados da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), Rafael Machado, e contou com a participação do conselheiro-chefe do Projeto Sabo, Hideto Ochi; do especialista de Projetos de Instalações Sabo, Yosuke Nishio; e do geógrafo da prefeitura de Nova Friburgo, Pedro Santana Peregrini.
De acordo com Rafael Pereira, a metodologia de estudos está sendo desenvolvida dentro do escopo do projeto de aprimoramento da capacidade técnica em medidas estruturais contra movimentos gravitacionais de massa, com foco em construção de cidades resilientes, apelidado como Projeto Sabo.
O Brasil tem grande extensão territorial e, muito frequentemente, ocorrem desastres de sedimentos. No histórico desses desastres no país, os fluxos de detritos representam ocorrências importantes, como em Presidente Getúlio, Santa Catarina, em 2020.
“O Japão tem uma condição meteorológica que propicia a existência de muitas áreas de risco para o fluxo de detritos. Por esse motivo, estratégias nacionais daquele país para adoção contra medidas desses desastres são amplamente desenvolvidas e implementadas. Essa longa experiência na gestão abrangente de risco em desastres contra esse fluxo de sedimentos leva países como o Brasil a buscar cooperação técnica para o aprimoramento das estratégias nacionais na gestão desse tipo de desastre”, afirmou o coordenador.
Um dos participantes do debate, o conselheiro-chefe do Projeto Sabo, Hideto Ochi, reforçou a importância das medidas tomadas no Japão para prevenir o desastre natural. Segundo ele, o país combina medidas estruturais e não estruturais.
“Inicialmente, as medidas não estruturais são a elaboração do mapeamento de risco e quanto temos demarcada aquela área que pode ser atingida por fluxos de detritos. Proibimos a ocupação e desenvolvimento daqueles terrenos. Ainda fazemos emissão de alertas e simulados para treinamento da população buscar a fuga”, explicou Ochi. “Em paralelo, são as medidas estruturais, que são a construção de estruturas para o controle do escoamento desses fluxos, retendo antes de chegar às moradias”, completou.
O especialista de Projetos de Instalações Sabo, Yosuke Nishio, citou as barreiras sabo como iniciativa no contexto de implementação das ações de enfrentamento aos riscos de desastres de fluxo de detrito.
“Essas barreiras são instaladas ao longo dos cursos d’água e podem impedir ou reter esse movimento de detritos. Utilizamos os recursos públicos para fazer essas obras. Identificamos quais são os interesses e se a bacia reúne as características que podem ser evitadas, se o fluxo pode ser retido. Buscamos metodologias que permitam, de forma objetiva, selecionar os melhores locais para a instalação das barreiras sabo”, ressaltou.
Durante o bate-papo, especialistas da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) fizeram uma apresentação sobre o método de mapeamento simplificado de perigo para identificação de talvegues (linha mais baixa de um vale por onde escorre a água da chuva) que precisam de obras de retenção de fluxos de detritos. Logo após, Rafael Machado apresentou mapeamento simplificado de áreas susceptíveis à ocorrência de fluxos de detritos no Brasil, além da adaptação da proposta brasileira ao método japonês.
Metodologia em uso no Brasil
Entre os municípios que já vêm utilizando das metodologias brasileiras influenciadas pelas técnicas japonesas, está Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Sobre a implementação da metodologia, o geógrafo da prefeitura, Pedro Santana Peregrini, avaliou positivamente os resultados.
“Houve um bom nível de assertividade na identificação das áreas de risco, principalmente quando sobrepomos os eventos que ocorreram em 2011, em um evento meteorológico extremo”, disse. “Boa parte das ocorrências foi contemplada com essa identificação. A partir dos procedimentos de priorização das áreas, observamos que é uma ferramenta muito importante, apesar de suas limitações, por ser um método bastante automatizado, mas em geral, é bastante válida”, completou.
Nas próximas edições do Bate-Papo com a Defesa Civil, serão debatidos temas como Interface de Divulgação de Alertas Públicos (Idap), e sua contribuição para os municípios, gerenciamento de abrigos temporários, entre outros.
Confira abaixo a íntegra do evento: