Condição afeta, principalmente, idosos e acometidos por doenças neurológicas
A dificuldade de ingerir alimentos, líquidos e até mesmo saliva é um dos cuidados observados nos ambientes hospitalares e tem nome: disfagia. Muito comum em idosos e pacientes com doenças neurológicas, o problema ganhou uma data no calendário da Saúde devido a sua importância. O Dia Nacional de Atenção à Disfagia é lembrado nesta segunda-feira (20).
No Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), haverá palestra nesta terça-feira (21) para debater a temática com cuidadores e acompanhantes. Administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), o equipamento recebe adultos e crianças que, muitas vezes, precisam de tratamento para amenizar o incômodo durante a deglutição. São pessoas acometidas, geralmente, por acidente vascular cerebral (AVC) ou por doenças neurológicas.
Rita Rodrigues, de 87 anos, está em fase de reabilitação na Unidade de AVC do hospital. Natural de Canindé, no interior cearense, a paciente progrediu durante a internação, deixando de se alimentar por sonda e iniciando a ingestão por via oral. “Ela não comia bem, mas, agora, ela toma sucos e faz as refeições. Foi uma evolução”, avalia Antônio Santiago, sobrinho da aposentada.
Avaliação especializada
De acordo com a coordenadora do setor de Fonoaudiologia do HGWA, Adriana Itala, pacientes como Rita são submetidos a uma avaliação especializada de profissionais da área. A primeira conduta, ela afirma, é adequar a melhor via de alimentação conforme a consistência dos insumos, a fim de dar maior segurança na administração da dieta.
Nós atendemos aqui internados nos Eixos Neonatal Pediátrico e Adulto; aqueles com quadro de disfagia, ocasionado, em sua maioria, por sequelas de doenças neurológicas como AVC, ELA [esclerose lateral amiotrófica] e Parkinson”, afirma a coordenadora, líder de uma equipe com 11 profissionais.
Familiares e cuidadores dos pacientes também recebem orientações para que a assistência continue após a alta. Segundo Itala, é imprescindível o acompanhamento fonoaudiólogo com técnicas e exercícios de fortalecimento da musculatura orofacial, além do uso de estimulantes térmicos e gustativos, para a reabilitação do indivíduo.
“Se a pessoa apresentar, durante a alimentação, episódio de tosse, sensação de entalo, engasgo ao engolir, ou tem produzido saliva excessiva, atrapalhando a sua deglutição de forma recorrente, é importante procurar uma ajuda médica para investigar o quadro e proporcionar um tratamento precoce e adequado”, ensina.
Há dez anos no HGWA, a fonoaudióloga Luciana Fiori avalia a condição de pacientes do setor de AVC Adulto receberem o alimento, observado a postura do corpo e, quando indicado, aplicando terapia sensório-motor-oral.
“Em muitos casos, acometidos por AVC ficam com sequelas, dentre elas a dificuldade de deglutição, o que pode gerar alterações mais graves como broncoaspiração, em que o alimento entra pela via respiratória. O acompanhamento de profissional da Fonoaudiologia é preventivo, mas também de reabilitação, possibilitando que o paciente se alimente novamente por via oral de uma forma segura”, diz.