O tempo passa, e com ele, muitos avanços nos direitos para as mulheres e a ressignificação de seus papéis. Entre tantas funções, figuras femininas conquistam espaço em uma sociedade onde o machismo estrutural ainda finca raízes. Com mulheres sendo protagonistas, o Governo do Ceará possui hoje 16 delas à frente de pastas estaduais, garantindo a paridade de gênero. Se somarmos as gestoras e também aquelas que estão nos bastidores, esse número será muito maior.
Um dos papéis de destaque é o da primeira-dama, Lia de Freitas, que traz consigo a desafiadora tarefa de conduzir os trabalhos em torno do Programa Ceará Sem Fome, que tem o objetivo de proporcionar segurança alimentar aos cearenses. Mesmo com esse papel tão importante, Lia traz consigo a simplicidade, ao passo que ela pensa e age com incansável rapidez, quase sem descanso, afinal, “quem tem fome, tem pressa”, como diz o sociólogo Herbert de Souza, o “Betinho”. Palavras que ela sempre replica em suas reuniões.
Servidora pública há 18 anos e atualmente cursando medicina por sentir essa necessidade de sempre cuidar das pessoas, desde quando ela ainda não imaginava se tornar primeira-dama das e dos cearenses, Lia comenta que muito desse olhar veio de mulheres referências em sua vida.
“Eu tenho, hoje, muita influência da minha mãe e da minha avó materna, a dona Dulcinéia; além de todas as minha oito tias. São mulheres que sempre me inspiraram. Por que eu falo da minha vó? Porque lá em Russas, ela sempre preparava as refeições, e quando terminava, ela separava uma parte em uma vasilha e já ia para a porta da casa. À época, ela morava em uma avenida próxima a uma rodoviária. Então, diariamente, ela entregava essa comida para alguém que estava lá em situação de rua ou que era de algum distrito mais carente. Desde criança, eu observava aquilo. Ela sempre estava lá dando assistência para alguém. Então isso foi me inspirando a ter um olhar mais cuidadoso e sensível àqueles que mais precisam”, conta.
Não é à toa que Lia tem trabalhado quase diuturnamente, junto a sua equipe, para que o “Ceará Sem Fome” chegue a todas as pessoas o mais rápido possível com ações emergenciais, mas também estruturantes. Ou seja, que a política pública passe pelo assistencialismo, mas que, muito em breve, ande de mãos dadas com um trabalho que transforme a vidas das pessoas de forma permanente, com a erradicação da pobreza, a geração de emprego, a segurança alimentar, a promoção de uma agricultura sustentável, da saúde e do bem-estar da população.
Entre essas pessoas que serão contempladas, são as mulheres que chefiam famílias em território cearense. “A gente sabendo que, historicamente, a fome assola o mundo, então nunca poderíamos ser insensíveis àqueles que mais precisam. Então esse olhar sensível, solidário, atencioso e de se colocar no lugar do outro, é o olhar que estou levando ao programa”, destaca.
Sensibilidade
Por falar em sensibilidade, outra mulher se destaca na estruturação do programa. Ao lado de Lia está a mente pensante também de Regina Praciano, servidora pública há 41 anos, e que hoje atua na Célula de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria da Proteção Social (SPS), ela possui um longo caminho voltado a essa causa.
“Já atuei na coordenação da política de assistência social e também de inclusão produtiva no Estado. Atualmente, estamos participando da coordenação da política de segurança alimentar. Coordenamos a elaboração de dois planos estaduais de segurança alimentar, envolvendo ações de todas as setoriais do estado que atuam com Segurança Alimentar Nutricional”, revela.
Regina também atua na coordenação do Programa Vale-Gás, e em conjunto com a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), integra a coordenação de outra importante política pública no Estado, que é o Programa Mais Nutrição e que já contemplou cerca de 405 mil cearenses com a doação de 2.800 toneladas de alimentos.
Não é à toa, que ao ver o projeto de lei que instituiu o Ceará Sem Fome, um programa histórico, Regina se emocionou. “Nosso sentimento frente a esse programa é de gratidão, de reconhecimento, de credibilidade, de esperança, de missão, de vontade de acertar e motivação. Todos esses sentimentos positivos envolvidos em uma agenda e pauta política, com a certeza de que iremos contribuir com a reversão do quadro social apresentado no Estado”, disse.
Quando questionada sobre ser uma das principais cabeças pensantes, ao lado da primeira-dama Lia, de um programa que é feito para o povo, mas principalmente para as mulheres, ela enfatiza:
“Vamos envolver principalmente as mulheres, pois elas são as principais lideranças comunitárias, são as principais representantes da família e que organizam o orçamento e o consumo doméstico. Vamos envolvê-las na produção de alimentos, possibilitando acesso à alimentação saudável. Vamos integrar políticas, atuando no campo e na cidade, gerando renda, empoderamento e autonomia. Resgatando também dívidas históricas, sociais, e principalmente, vamos combater a fome no Estado do Ceará”, finaliza.