“Precisamos reconhecer que as dificuldades existem para construir um sistema de saúde melhor”, destacou Alícia Krüger, travesti, coordenadora da Assessoria de Políticas de Inclusão, Diversidade e Equidade em Saúde (SVSA/MS), durante o “Webinário alusivo ao Dia Nacional da Visibilidade Trans: saúde, respeito e inclusão social”. O evento aconteceu nesta terça-feira (31) e Alícia também explicou como esse caminho será trilhado: “na busca pela equidade, olhando as diferenças dos diferentes e dando os mecanismos necessários para cada pessoa, alcançando, dessa forma, a igualdade na prestação do serviço público”.
Para debater o combate à discriminação e a ampliação do acesso à saúde para essa população, o encontro reuniu integrantes da sociedade civil, representantes de entidades e movimentos sociais. “É necessário dar visibilidade, não só à data, mas a tudo o que foi invisibilizado nesses últimos anos”, defendeu Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (SVSA/MS).
Em 2022, apenas 6% dos usuários de Profilaxia Pós-Exposição (PEP) se identificaram como pessoas trans. Hoje, das quase 50 mil pessoas que usam Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) no país, 4,8% se identificam como pessoas trans ou não-binárias. Isso mostra que a população trans está entre as que menos tem acesso a tecnologias como PEP e PrEP.
Durante o evento, foi discutido que um projeto piloto de promoção do acesso à prevenção combinada ao HIV em serviços de saúde para pessoas trans e não-binárias deve ser desenvolvido. Para qualificar os serviços voltados à população trans no Sistema Único de Saúde (SUS), diversas ações precisam ser estudadas e implementadas, como:
• Expansão da oferta de prevenção combinada para além da rede especializada em HIV;
• Ampliação de “ambulatórios trans”;
• Modelos diferenciados de serviços para pessoas trans jovens e adolescentes 15+;
• Incorporação de novas tecnologias.
Para além do “Dia Nacional da Visibilidade Trans”, nos próximos meses, o Ministério da Saúde vai abrir novos espaços de diálogo, para que se continue debatendo o desenvolvimento de políticas públicas específicas à população trans e não-binária.
Fran Martins
Ministério da Saúde