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Destroços de ataques à democracia serão usados em projeto social

Tactiana está recolhendo os mesmos materiais do Supremo Tribunal Federal (STF), Câmara dos Deputados e Palácio da Alvorada para transformá-los em obras de arte, através de uma ação de ativismo cívico-cultural e de educação patrimonial que permita manter a memória do fato histórico. A pesquisadora é especialista na obra da artista Marianne Peretti.

A produtora cultural Tactiana Braga, da B52 Cultural Eireli, de Recife, esteve no Senado nesta sexta-feira (13) com a uma equipe de colaboradores para recolher destroços dos vidros quebrados e do madeiramento de mobiliários e portas destruídos durante os ataques antidemocráticos de domingo (8). A equipe também reuniu destroços dos ataques ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal. A intenção é usar o material em um projeto social de arte e educação voltado para crianças de todo o Brasil.

De acordo com Tactiana, os destroços serão tratados para evitar que possam ferir de qualquer forma os colaboradores e o público atendido. Em entrevista à Agência Senado ela disse que foi tomada por forte angústia ao acompanhar pela TV os ataques ao patrimônio público e as inúmeras obras de arte por parte dos terroristas.

— Trabalho com arte há mais de 40 anos e não consigo conceber atitudes como estas, para mim é muito triste… É triste saber que pessoas saíram de suas cidades, de suas casas, para vandalizar tantas obras de arte, tanto patrimônio público e a Casa da democracia. Nossa resposta a essa ação tirana será a arte da democracia ressignificando isso para as próximas gerações — explica a artista.

Tactiana detalha que os destroços — que além dos vidros e madeiramento podem conter aço e outros materiais — serão ressignificados por artistas e estudantes aprendizes. O objetivo final é realizar a mostra “A Arte da Democracia Vence a Tirania”, a partir do material recolhido, como uma memória do que se passou no dia 8 de janeiro para a sociedade brasileira. As obras serão uma reflexão sobre a democracia e a importância de se valorizar a arte e a cultura nacional. A exposição também conterá registros em vídeos e fotogrfias da retirada dos destroços até os depósitos, para que possam ser recolhidos pelos artistas.

— Queremos que crianças participem dessa ação em todo o país, para que possam ser formados na consciência do papel da arte e da democracia para uma sociedade. A arte e a democracia foram muito atacadas nos últimos anos, estes destroços que estamos recolhendo simbolizam bem isso.

Brasil e democracia

Tactiana Braga foi a organizadora do livro Marianne Peretti – a ousadia da invenção e uma das curadoras da mostra “A Arte Monumental de Marianne Peretti”, exposta no Museu da República, em Brasília, em 2016. Segundo ela, a mostra será uma expressão da cultura popular.

— Os vitrais da Marianne Peretti e as obras arquitetônicas de Niemeyer traduzem uma visão de país. Os vitrais são transparentes e reluzentes como a essência do que deve ser a democracia. Mas hoje o Brasil está doente. E é preciso entender que a democracia não se sustenta apenas nos Poderes, ela precisa da luz da cultura. Por isso atacaram tantas obras de arte e vidros destes prédios. Foi o reflexo de uma visão tirana de mundo, algo que o Brasil não quer.

Marianne Peretti foi uma artista plástica nascida na França e naturalizada brasileira. É considerada a maior vitralista do Brasil, e suas obras estão espalhadas nos principais monumentos e lugares públicos de Brasília, além de outras cidades mundo afora.

Agência Senado

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