Globalmente, o número de vítimas detectadas caiu 11% em 2020 em relação ao ano anterior, impulsionado por menos detecções em países de baixa e média renda.
O número de condenações por crimes de tráfico também caiu 27% no mesmo período, acelerando uma tendência de longo prazo registrada por UNODC desde 2017.
Diminuições mais acentuadas foram registradas no sul da Ásia (56%), América Central e Caribe (54%) e América do Sul (46%).
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Saiu o Relatório Global @UNODC sobre Tráfico de Pessoas 2022!
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Tráfico de Pessoas do UNODC
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Efeito pandémico
De acordo com o relatório, apesar de reduzir as oportunidades para os traficantes operarem, a pandemia pode ter enfraquecido a capacidade da aplicação da lei de detectar vítimas.
“Não podemos permitir que as crises agravem a exploração”, disse a diretora executiva do UNODC, Ghada Waly.
“A ONU e a comunidade de doadores precisam apoiar as autoridades nacionais, sobretudo nos países em desenvolvimento, para responder às ameaças de tráfico e identificar e proteger as vítimas, especialmente em estados de emergência.”
A análise constatou ainda que foram detetados menos casos de tráfico para exploração sexual durante a pandemia, devido ao encerramento de espaços públicos.
Restrições relacionadas podem ter empurrado essa forma de tráfico para locais mais ocultos e menos seguros, dificultando a identificação das vítimas.
Vítimas “auto-resgatadas”
A análise do processo judicial apresentada no relatório também mostra que as vítimas de tráfico que são identificadas, em sua maioria escapam dos traficantes por conta própria e são, na verdade, “auto-resgatadas”.
41% das vítimas escaparam e denunciaram às autoridades por iniciativa própria, em comparação com 28% das vítimas que foram localizadas pela aplicação da lei e 11% por membros da comunidade e da sociedade civil.
O relatório disse que isso era especialmente alarmante, considerando que muitos podem não se identificar como vítimas, ou podem ter muito medo de tentar uma fuga.
Guerra e conflito
A guerra e o conflito oferecem oportunidades para os traficantes explorarem, com a guerra na Ucrânia elevando os riscos de tráfico para os milhões de deslocados.
O relatório mostra como a maioria das vítimas se origina e é traficada para países da África e do Oriente Médio.
Há também níveis mais altos de impunidade na África Subsaariana e no Sul da Ásia. Os países dessas regiões condenam menos traficantes e detectam menos vítimas do que o resto do mundo.
Ao mesmo tempo, as vítimas dessas regiões são identificadas em uma gama mais ampla de países de destino do que as vítimas de outras regiões.
O exame de processos judiciais descobriu que as vítimas do sexo feminino estão sujeitas a violência física ou extrema nas mãos de traficantes, a uma taxa três vezes maior do que os homens.
As crianças são sujeitas a apreensão e tráfico quase duas vezes mais frequentemente do que os adultos.
Mulheres no banco dos réus
Ao mesmo tempo, as mulheres investigadas por tráfico de pessoas também são significativamente mais propensas a serem condenadas do que os homens.
Isso sugere que o sistema de justiça pode discriminar as mulheres e que o papel das mulheres nas redes de tráfico pode aumentar a probabilidade de que elas sejam condenadas pelo crime.
O sétimo Relatório Global sobre o Tráfico de Pessoas baseia-se em dados recolhidos em 141 países durante o período de 2017-2020 e numa análise de 800 processos judiciais diferentes.