À medida que se aproxima o ano eleitoral, a estratégia do ex-presidente Jair Bolsonaro para conquistar metade do Congresso nas eleições de 2026 enfrenta sérios desafios. Com as negociações políticas no Brasil se intensificando, Bolsonaro, que atualmente se recupera de uma esofagite, vê seu partido, o PL, mergulhado em disputas internas e conflitos em pelo menos seis estados: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Ceará. A um ano do início oficial das campanhas, a organização dos palanques políticos se tornou uma tarefa complexa para o ex-presidente e seus aliados.
Desafios nas candidaturas estaduais
Embora a meta de Bolsonaro seja atrair aliados e formar uma base sólida no Congresso, as dificuldades se acumulam nas articulações políticas. Em várias regiões, os diretores locais do PL estão lutando por candidaturas, enquanto líderes de outros partidos tentam emergir como alternativas independentes sem o apoio do ex-presidente. Um levantamento feito por integrantes do partido revelou que as disputas internas são especialmente acirradas no Rio de Janeiro, onde há rivalidades significativas pela candidatura ao Senado.
A necessidade de apaziguamento é evidente. O governador Cláudio Castro, por exemplo, está buscando apoio de Bolsonaro para obter a segunda vaga da chapa ao Senado, ao lado de Flávio Bolsonaro, que busca reeleição. Recentemente, conflitos em relação ao novo dirigente da Alerj, Rodrigo Bacellar, resultaram em uma crise de confiança dentro do grupo bolsonarista, tornando a situação ainda mais delicada para o ex-presidente.
Possíveis candidaturas e tentativas de acordo
A situação atual de alguns candidatos bolsonaristas também gera tensão. O emedebista Washington Reis, ex-secretário de Obras, enfrenta uma candidatura avulsa e pode dividir os votos entre os representantes da direita fluminense. Assim, o clã Bolsonaro se vê diante de uma divisão interna sobre a melhor estratégia para manter sua influência nos próximos anos.
Além disso, em Minas Gerais, a ala liderada pelo deputado Nikolas Ferreira tenta emplacar Cristiano Caporezzo como candidato ao Senado, desafiando a pré-candidatura de Domingos Sávio. Esta divisão de candidaturas pode comprometer seriamente o apoio que Bolsonaro esperava nos estados, além de criar um clima interno hostil entre seus aliados. Bolsonaro já afirmou abertamente que, em alguns casos, ele pode abrir mão de certos candidatos a governos estaduais em favor de ter candidatos competitivos ao Senado. Este é um movimento tático para maximizar a fila em sua base de apoio.
Arranjos políticos em outros estados
A situação no Rio Grande do Sul traz mais complicações para Bolsonaro. O ex-presidente anunciou apoio a Coronel Zucco para o governo e Sanderson para o Senado, mas a saída de Onyx Lorenzoni do PL para o PP gera insatisfação, o que pode dividir os votos do eleitorado de direita na região. As incertezas em torno das candidaturas estão criando um cenário instável para os bolsonaristas.
No Ceará, o ex-governador Ciro Gomes lidera uma frente contra a candidatura do PT, buscando unir forças da direita contra o atual governador petista. A situação se agrava com a proposta do diretório local do PL de avançar com uma candidatura própria, que pode enfraquecer a estratégia de Bolsonaro. A fragmentação do apoio à sua figura pode ser um sério golpe contra suas intenções eleitorais.
Outro ponto emblemático é a candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado por Santa Catarina, que gerou insatisfação entre as deputadas Caroline de Toni e Júlia Zanatta, que já estavam concorrendo à vaga. Esta situação reflete os desafios de manter unidade entre as linhas de frente do bolsonarismo, especialmente em um cenário tão crucial quanto o das eleições de 2026.
Diante de todos essas adversidades, Jair Bolsonaro precisa, urgentemente, restabelecer a confiança entre seus aliados e criar uma proposta coesa que atraia o eleitorado. O processo de construção política que envolve a montagem de chapas, a administração dos conflitos de interesse e a definição de prioridades na escolha de candidatos será fundamental para os planos do ex-presidente e do PL nas próximas eleições. Sem uma abordagem clara e solidária, a meta de conquistar metade do Congresso poderá se transformar em um verdadeiro desafio, como já se tornou evidente até agora.