Tarifa de 50% dos EUA impacta mercado de mel orgânico brasileiro

A taxa elevada implementada por Trump gera perdas significativas para produtores de mel no Brasil, especialmente no Nordeste.

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A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de implementar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto trouxe consequências drásticas para o mercado de mel orgânico. O Grupo Sama, uma das maiores processadoras e exportadoras desse produto no mundo, já contabiliza a perda imediata de 585 toneladas de mel, resultando em um impacto financeiro significativo.

Consequências econômicas do tarifaço

O Grupo Sama, com sede em Oeiras, no Piauí, e que atualmente compra a produção de mais de 12 mil pequenos e microprodutores de mel do Nordeste, está enfrentando um desafio monumental. A nova tarifa elevará o custo da carga em aproximadamente US$ 6 milhões, refletindo diretamente no preço final do produto destinado ao mercado norte-americano.

Com a carga acumulada, a empresa se vê em uma situação difícil. Parte das 585 toneladas estava pronta para ser exportada, enquanto outras estavam em processo de beneficiamento e uma parcela ainda aguardava envio por parte dos fornecedores. Isso não só gera um prejuízo imediato, mas também custos com armazenamento, já que o mel precisa ser guardado em câmaras refrigeradas para manter sua qualidade.

Impacto nas pequenas propriedades

Samuel Araujo, CEO do Grupo Sama, alertou para a gravidade da situação, afirmando que a tarifa pode dobrar o custo do mel. “Estamos vivendo os piores anos de produção de mel nas últimas três décadas, devido às condições climáticas, e agora enfrentamos esse tarifaço. O impacto é comparável ao que sentimos durante a pandemia da Covid-19”, lamentou.

A firma optou por não cancelar as compras já acordadas com seus fornecedores, mas o futuro da cadeia produtiva agora parece incerto. Os navios programados para levar o mel aos Estados Unidos antes da entrada em vigor da nova tarifa já estão lotados, impossibilitando novas remessas.

Procurando novos mercados

Os Estados Unidos representam o principal mercado para o mel brasileiro, consumindo impressionantes 80% do volume produzido no país. Em 2024, o Piauí foi o líder em exportações de mel para os EUA, mesmo não sendo o maior produtor. Segundo Islano Marques, gestor corporativo da Área Internacional e Mercado da Federação das Indústrias do Piauí (Fiepi), cerca de 85% das exportações de mel do estado são destinadas ao mercado americano.

No entanto, os produtores começam a explorar novas opções. Embora a Europa despontem como um mercado potencial, Araujo observa que as negociações também poderão ser prejudicadas pela tarifa imposta pelos EUA. “Estamos diante de um mercado que tende a ser oportunista. Após a confirmação da perda de 50% nas vendas para os EUA, outros mercados provavelmente tentarão negociar um desconto que pode ser ainda maior”, afirmou.

Marques destacou que a prospecção de novos mercados apresenta um grande desafio. “A demanda dos EUA é considerável, e não há um mercado alternativo que consuma esse volume. A diversificação de mercados exigirá um esforço significativo para distribuir melhor essa oferta”, ressaltou.

O futuro do setor apícola brasileiro

O clima não tem sido favorável para a produção de mel recentemente, o que, somado à nova tarifa, tem colocado em risco a subsistência de numerosos pequenos produtores. A situação exige que o setor apícola se una para buscar soluções e alternativas que minimizem os impactos negativos da tarifa de Trump, ao mesmo tempo em que tentam se adaptar a um cenário econômico desafiador.

A capacidade de adaptação e inovação será crucial para garantir que os meliponicultores, os pequenos e microprodutores de mel do Brasil, consigam não apenas sobreviver, mas prosperar em um mundo cada vez mais competitivo e volátil.

As próximas semanas serão fundamentais para que o setor encontre caminhos viáveis e alternativas que permitam mitigar os prejuízos causados por essa tarifa, visando garantir a continuidade da produção e das exportações de mel orgânico brasileiro no futuro.

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