No dia 4 de julho, Guilherme Dias, um jovem marceneiro de 26 anos, foi fatalmente atingido por um tiro disparado pelo policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, em Parelheiros, na Zona Sul de São Paulo. Na última sexta-feira (11), a Justiça de São Paulo atendeu ao pedido do Ministério Público e reclassificou o caso como homicídio doloso, encaminhando o processo ao Tribunal do Júri. Essa alteração representa um avanço na busca por justiça para a família de Guilherme, que aguarda um desfecho para o caso.
O caso que chocou São Paulo
A morte de Guilherme ocorreu em um momento trivial, logo após ele ter terminado seu expediente e estar a caminho de casa. Segundo o relato do próprio policial, que estava de folga, ele confundiu Guilherme com um assaltante enquanto pilotava sua moto. O PM alegou que reagiu a uma tentativa de roubo, disparando tiros, um dos quais atingiu fatalmente o jovem.
No entanto, a Promotoria refutou essa versão inicial, que classificava o ato como homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. A promotora Cláudia Ferreira Mac Dowell argumentou que a avaliação deveria ser feita pelo Tribunal do Júri, dada a gravidade do crime envolvido. “O que não se admite é que se suprima do Tribunal do Júri, cuja competência foi constitucionalmente delimitada”, enfatizou a promotora.
Reações da família e comunidade
A notícia da reclassificação trouxe um sopro de esperança para a família de Guilherme. Roberto Souza, tio da vítima, expressou sua expectativa de que justiça seja feita e mencionou que é necessário que atitudes mais rigorosas sejam tomadas diante de casos assim. “Não vamos desistir de lutar para colocar esse indivíduo na cadeia”, afirmou. A família tem se mostrado unida e aguarda que o Tribunal possa oferecer justiça, tal como se espera em um Estado de Direito.
A vida de Guilherme Dias
Guilherme Dias era conhecido por seus valores familiares e seu comprometimento com o trabalho. Ele atuava como marceneiro há quase três anos e era muito querido por todos, especialmente por sua esposa e primos. “Nunca se envolveu com nada, era do serviço para casa, da casa para a igreja”, relatou Sthephanie Dias, sua esposa, que ainda planificava um futuro repleto de realizações ao lado dele.
A perda abrupta de Guilherme deixou um vazio na vida da família e dos amigos. Sua prima, Larissa Souza, compartilhou lembranças da união familiar, repleta de momentos de diversão e espiritualidade. Durante o velório, muitos amigos e familiares se reuniram para prestar homenagens, destacando o impacto positivo que ele tinha na comunidade.
O papel da Polícia Militar
Em resposta ao incidente, a Polícia Militar do Estado de São Paulo declarou que o policial que atirou cometeu um “erro de avaliação” e está sob investigação pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A Secretaria da Segurança Pública enfatizou esforços para melhorar a formação dos agentes, incluindo aulas sobre direitos humanos e combate ao racismo.
A luta por justiça
O caso de Guilherme Dias reflete um cenário preocupante em relação à violência policial e questões de racismo estrutural. Sthephanie, sua esposa, fez um apelo à sociedade: “A gente quer esse policial na cadeia, ele tem que pagar”. O caso não é isolado, e a reação da comunidade ressalta a necessidade urgente de discussões sobre segurança pública e reavaliação de práticas policiais.
Com a reclassificação do crime como homicídio doloso, a expectativa é que o Tribunal do Júri traga à tona as verdades sobre o que realmente aconteceu na noite trágica em que Guilherme foi mortalmente ferido. A luta da família por justiça é um testemunho da força que eles têm, mesmo diante da dor imensurável da perda.
O caso continua a ser acompanhado de perto pela mídia e pela sociedade, que se mostra cada vez mais atenta a casos de injustiça e violência policial. A esperança é que, ao final, a justiça prevaleça e que tragédias como essa não se repitam.