Nesta quarta-feira (9), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, abordou questões cruciais sobre a taxa Selic, que permanece em 15% ao ano. Durante uma audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados, ele discutiu o impacto da política monetária na inflação e na economia brasileira.
A justificativa para a taxa Selic
“Ninguém quer abaixar os juros e ter uma inflação lá em cima. Você quer viver com uma taxa de juros que possa produzir o mesmo efeito, do ponto de vista de conter a inflação, porém num patamar que possa ser mais próximo dos nossos pares (países emergentes)”, afirmou o presidente do BC.
Galípolo foi convidado para discutir o papel do Banco Central em relação às atuais diretrizes econômicas e para responder a perguntas sobre a potencial autorização da compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB). As perguntas foram feitas pelos deputados Florentino Neto (PT-PI), Laura Carneiro (PSD-RJ) e Pauderney Avelino (União-AM).
Em sua fala, Galípolo enfatizou a necessidade de uma normalização da política monetária por meio de diversas medidas, ressaltando que não haverá uma solução rápida ou “bala de prata” que resolva o problema. Ele comparou a situação atual ao caso do Plano Real e destacou que a recuperação exigirá um conjunto de ações coordenadas.
O contexto atual da Selic
A audiência ocorre em um momento crítico, logo após a decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Selic de 14,75% para 15% ao ano. Esta é a maior taxa desde julho de 2006, encerrando um ciclo de aumento que tem impactado a economia do país. O aumento da taxa é um reflexo das tentativas do governo de controlar a inflação.
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou abertamente a taxa Selic, caracterizando-a como o único “número negativo” do Brasil. Embora não tenha citado Galípolo diretamente, outros membros do governo, como o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, expressaram opiniões contundentes, afirmando que “somos escravos dos juros altos”.
Projeções do mercado e o futuro da Selic
Os analistas do mercado acreditam que o ciclo de alta na taxa Selic pode ser interrompido na próxima reunião do Copom, marcada para os dias 29 e 30 de julho. No entanto, as projeções atuais indicam que a taxa deverá permanecer elevada até pelo menos 2026.
- Para 2026, os analistas estimam que a Selic fique em 12,50% ao ano.
- Para 2027, a previsão é que a taxa seja de 10,50% ao ano.
- Por fim, para 2028, espera-se que a Selic atinja cerca de 10% ao ano.
Os analistas financeiros projetam que a Selic se mantenha em 15% ao longo de 2023, sem novas elevações esperadas, prevendo uma taxa ainda em dois dígitos até o fim dos mandatos do presidente Lula e de Gabriel Galípolo.
O debate sobre a taxa de juros e suas consequências para a economia brasileira continua a ser um tema central na agenda nacional, com implicações diretas na vida cotidiana dos cidadãos e das empresas.