O caso de agressão a Thiago Medeiros, um personal trainer de 32 anos do Rio de Janeiro, durante o Encontro Brasileiro de Autos Antigos em Águas de Lindóia (SP), provocou uma onda de indignação e chama atenção para a questão da violência em ambientes de lazer. O incidente, que ocorreu na madrugada do dia 21 de junho, resultou em graves ferimentos para a vítima, que precisou de 45 pontos no rosto após ser agredido com socos e pedaços de um copo de vidro ao tentar defender mulheres de uma situação de assédio.
Padrão de violência e defensores da segurança feminina
A Polícia Civil de São Paulo confirmou que o agredido, assim como o agressor, estavam apenas de passagem pela cidade, o que torna mais difícil a identificação do responsável pela agressão, como relatou o delegado Percival Bueno Netto. A cidade de apenas 17,9 mil habitantes recebeu pelo menos 40 mil turistas, complicando ainda mais o trabalho das autoridades. O delegado enfatizou que, apesar da gravidade do ato, ele não vê o caso como tentativa de homicídio, mas sim como lesão corporal.
O desentendimento começou quando Thiago e amigos intervieram em uma situação de assédio em que um homem importunava duas mulheres. O ato de heroísmo da vítima resultou em uma resposta violenta, onde o agressor usou um copo para ferir Thiago, que teve que ser transferido para o Hospital da Unimed de Piracicaba, onde recebeu atendimento médico e passou por exames.
O relato das testemunhas
Testemunhas da cena descreveram a brutalidade da agressão, sublinhando a contrariedade e a revolta com o comportamento do agressor. Uma amiga de Thiago, que também foi assediada, expressou sua tristeza e choque ao lembrar do momento. “Foi muito triste ter presenciado isso, ainda mais por querer apenas defender duas mulheres. Tudo por conta de um rapaz não saber lidar com um não”, disse. A mulher de 30 anos que conhecia Thiago e o acompanhava, afirmou que houve uma escalada de hostilidade da parte do agressor, culminando na violenta agressão.
A luta por justiça
Após retornar ao Rio de Janeiro, Thiago registrou boletim de ocorrência pela delegacia eletrônica e procurou a Polícia Civil de seu estado, buscando que os responsáveis pela agressão sejam identificados e responsabilizados. Ele expressou sua profunda preocupação com as consequências do ataque, não apenas físicas, mas também psicológicas, afirmando: “Quero uma punição, que eles paguem por isso, por essa covardia. Foi uma tentativa de homicídio”.
A gravidade das lesões deixou Thiago incapacitado para trabalhar, levando-o a usar uma reserva financeira e depender da ajuda de seus pais para suas despesas. A comunidade amarga a realidade de que a defesa das mulheres e a luta contra o assédio pode resultar em reações violentas, alertando sobre a necessidade urgente de um ambiente mais seguro e respeitoso para todos.
Investigação em andamento
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que um inquérito foi instaurado na Delegacia de Águas de Lindóia para investigar o caso. Embora nenhum suspeito tenha sido identificado até o momento, as autoridades estão conduzindo diligências para coletar mais informações. O estabelecimento onde a agressão ocorreu também se manifestou, destacando que o incidente, que envolveu reciprocidade de provocações, não condiz com os princípios da casa.
A assessoria do Encontro Brasileiro de Autos Antigos, mesmo diante da agressão que ocorreu fora do evento, se comprometeu a zelar pela integridade e segurança de todos os presentes. “Temos o compromisso de zelar pela segurança, integridade e boa imagem do evento”, ressaltou o comunicado.
Precisamos repensar a cultura da violência
Esses eventos destacam uma realidade alarmante: a necessidade de um debate sério sobre a violência de gênero e como reagir em situações de assédio. Thiago se tornou mais que apenas uma vítima; ele é um alerta sobre a importância da solidariedade e da defesa mútua em situações adversas. A tragédia ocorrida em Águas de Lindóia nos convida a refletir sobre a cultura da violência e a necessidade de um esforço coletivo para criar ambientes mais seguros, onde o respeito e a dignidade sejam prioridades.
Os desdobramentos deste caso continuarão a ser monitorados à medida que as investigações prosseguirem, mas um consenso já se forma: a sociedade não pode e não deve ser conivente com a violência, seja ela de que forma for.
