Durante sua participação virtual na cúpula do Brics, realizada no domingo (6/7) no Rio de Janeiro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez fortes críticas à hegemonia das economias desenvolvidas, clamando por uma nova ordem mundial mais justa e equilibrada. Em seu discurso, Putin ressaltou a importância dos países emergentes e destacou o papel crescente do Brics nesse novo cenário global.
A crítica ao “bilhão dourado”
Em sua fala, o líder russo mencionou a expressão “bilhão dourado”, um termo utilizado pelo Kremlin para se referir às nações ocidentais ricas, como os Estados Unidos, os membros da União Europeia e o Japão. Putin argumentou que o modelo econômico vigente, que favorece essas potências, está em declínio, abrindo espaço para uma ordem mundial multipolar que atenda melhor às demandas de um mundo em transformação.
“A ordem mundial unipolar, que servia aos interesses do chamado ‘bilhão dourado’, está ficando no passado. Está surgindo uma ordem mais justa, multipolar”, disse Putin.
De acordo com Putin, o novo equilíbrio global está sendo moldado pela união de mercados emergentes, com ênfase especial nos países do Brics, que abrangem nações da América Latina, da África, do Oriente Médio e da Ásia.
Brics supera o G7 em PIB
Em mais uma de suas declarações impactantes, Putin afirmou que o grupo do Brics já superou o G7 em termos de Produto Interno Bruto (PIB), considerando a paridade do poder de compra. Ele projetou que, até 2025, o PIB do Brics deverá alcançar impressionantes US$ 77 trilhões, em comparação aos US$ 57 trilhões das sete maiores economias industrializadas, conforme dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Propostas para um novo sistema financeiro
Putin também apresentou uma série de propostas, entre elas a criação de um sistema financeiro independente que permita transações financeiras com compensação e custódia próprias. A iniciativa tem como objetivo reduzir a dependência do dólar norte-americano e dos sistemas financeiros ocidentais, como o Swift, do qual vários bancos russos foram excluídos em consequência da guerra na Ucrânia.
“A criação, no âmbito do Brics, de um sistema independente de compensação e custódia permitiria tornar as transações cambiais mais rápidas, eficientes e seguras. A propósito, o uso de moedas nacionais no comércio entre nossos países está crescendo de forma constante: em 2024, a participação do rublo e de moedas de países amigos nas transações da Rússia com os demais países do Brics alcançou 90%”, declarou Putin.
Além das propostas financeiras, o presidente russo sugeriu a criação de uma nova plataforma de investimentos, a instalação de uma bolsa de grãos, e o desenvolvimento de políticas conjuntas nas áreas de mudanças climáticas, esportes e logística.
A importância do Brasil no Brics
Putin fez questão de elogiar a atuação do Brasil como presidente do bloco em 2025 e destacou que o Brics está ampliando sua presença na governança global.
“Ano após ano, a autoridade e a influência do nosso grupo no mundo continuam crescendo. O Brics consolidou-se, com razão, como um dos centros-chave da governança global, e a voz sólida de nossos países se faz ouvir cada vez mais claramente na arena internacional”, afirmou Putin.
O discurso de Putin na cúpula do Brics, repleto de críticas ao status quo e repleto de ambições para um futuro multipolar, ressoa em um mundo que busca novas dinâmicas de poder. Enquanto os países emergentes se unem em prol de um objetivo comum, o impacto das propostas feitas por líderes como Putin pode moldar o futuro dos sistemas financeiros e econômicos globais.