Oposição aumenta pressão sobre Lula por bloqueio de recursos do programa Pé-de-Meia

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Brasília — A recente decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de bloquear R$ 6 bilhões do programa social Pé-de-Meia colocou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma posição vulnerável, oferecendo munição política à oposição para alimentar discussões sobre um possível processo de impeachment.

O programa, que busca pagar bolsas mensais de R$ 200 a estudantes do ensino médio, foi alvo de críticas por sua estrutura financeira. Segundo auditores do TCU, o governo utilizou fundos que contornaram o Orçamento Geral da União, driblando limites fiscais estabelecidos pelo próprio governo e pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Para a oposição, a prática se assemelha às “pedaladas fiscais” que resultaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016.

“Todos os indícios apontam para um crime de responsabilidade. Isso não pode passar impune”, declarou o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), que já articula uma denúncia formal contra o presidente.

Semelhanças com o caso Dilma Rousseff

As comparações com o caso de Dilma são inevitáveis. Assim como na crise que culminou na destituição da ex-presidente, os auditores do TCU apontaram que o governo Lula utilizou recursos fora do orçamento aprovado pelo Congresso, burlando regras fiscais e orçamentárias. No centro da controvérsia está o uso de R$ 6 bilhões provenientes do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (Fgeduc), transferidos diretamente para um fundo privado, o Fipem, sem passar pelo Tesouro Nacional ou ter aprovação legislativa.

Dilma Roussef ao lado de Lula. Ex-presidente sofreu impeachment por pedala fiscal.
Dilma Roussef sofreu impeachment por pedalada fiscal. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Especialistas do tribunal classificaram a prática como a criação de um “orçamento paralelo”, dificultando o rastreamento dos recursos e comprometendo a transparência fiscal. Em nota, os técnicos destacaram que “o arranjo financeiro adotado amplia a capacidade de gastos do governo federal à margem das regras fiscais, o que pode afetar a credibilidade econômica”.

Reação da oposição e mobilização política

A oposição, liderada por figuras como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), tem sido enfática em comparar o episódio com o impeachment de 2016. Nas redes sociais, parlamentares classificaram o programa como uma tentativa de “pedalada fiscal” em ano eleitoral.

“Lula repetiu Dilma. Está pedalando em cima das regras fiscais e enganando a população”, escreveu Flávio Bolsonaro.

Oposição aumenta pressão sobre Lula e quer o povo nas ruas pelo impeachmet

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), o mais votado do país, convocou manifestações contra o governo para março, aumentando a pressão popular sobre o Planalto. O também deputado de oposição, Kim kataguiri (União-SP), em entrevista recente, afirmou que apesar da insatisfação da população com a situação econômica, apenas a presença do povo nas ruas exerceria pressão suficiente para um possível impeachment do presidente Lula.

Deputado federal Nikolas Ferreira (PL) convoca manifestação contra Lula.
Nikolas Ferreira quer manifestantes nas ruas pelo impeachment de Lula. Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

Insatisfação da população com economia é combustível para oposição

Embora o cenário político atual seja diferente do enfrentado por Dilma, a deterioração do apoio do governo no Congresso torna o momento delicado. A insatisfação popular com a economia é o ingrediente principal que pode enfraquecer ainda mais o presidente Lula.

A liderança do Centrão, bloco político estratégico para o governo, permanece volátil, o que poderá ser decisivo na condução de qualquer pedido de impeachment. Grandes partidos como o Progressistas, União Brasil e Republicanos, apesar de terem ministério no governo, mantém parte de seus integrantes do lado da oposição, como no caso de Ciro Nogueira, presidente do PP, crítico ferrenho do PT e do próprio governo.

Defesa do Governo e caminhos para o Impeachment

A Advocacia-Geral da União (AGU) defendeu o programa, alegando que o bloqueio dos recursos comprometeria a continuidade de um benefício que atende quase quatro milhões de estudantes. O governo afirmou que a estrutura do Pé-de-Meia está em conformidade com as leis fiscais e pediu que o TCU adie qualquer decisão definitiva.

Ainda assim, a decisão do TCU representa apenas o início de um processo. Para que o impeachment avance, uma denúncia formal precisará ser apresentada e aceita pelo presidente da Câmara dos Deputados. O cenário político para 2024, com novas lideranças no Congresso, será determinante para decidir o futuro do governo Lula.

Enquanto isso, a oposição continuará a explorar o episódio como parte de uma estratégia mais ampla para enfraquecer o governo e mobilizar apoio popular.

“Este governo não aprenderá até que enfrentemos as ruas e a lei”, disse um líder oposicionista.

Com o julgamento do mérito pelo TCU ainda pendente, o episódio é mais uma peça no jogo político de Brasília, onde a pressão sobre o Planalto promete aumentar nos próximos meses.

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