A Polícia Federal (PF) identificou o deputado federal Júnior Mano, do PSB do Ceará, como figura central em um esquema suspeito de manipulação de pleitos eleitorais que envolve o desvio de recursos de emendas parlamentares. De acordo com uma decisão recente da Justiça Eleitoral do Ceará, após receber informações da PF, o caso foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), devido ao foro privilegiado do parlamentar.
Operação Underhand e mandados de busca
Na última terça-feira, foi deflagrada a operação Underhand, com a finalidade de aprofundar as investigações sobre fraudes em licitações que estariam sendo alimentadas por emendas parlamentares. Durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nos gabinetes de Júnior Mano na Câmara dos Deputados e também em seus endereços em Brasília e no Ceará.
Os agentes da PF buscam evidências que possam corroborar as acusações e investigar a extensão das práticas ilegais supostamente realizadas pelo deputado. As ações visam também identificar o envolvimento de outras figuras políticas e administrativas no esquema de corrupção.
Reação do deputado Júnior Mano
Em resposta às acusações, a assessoria de Júnior Mano divulgou uma nota negando qualquer participação em irregularidades. No comunicado, informaram que o deputado está confiante de que, ao final das investigações, sua “correção de conduta” será reconhecida.
O texto enfatiza que Júnior Mano não exerce influência sobre atos administrativos em prefeituras do Ceará e “não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos”. Ele reafirmou, por meio da nota, seu compromisso com a legalidade e a transparência nos serviços públicos, além de sua atuação como parlamentar.
Implicações das investigações
De acordo com a decisão judicial proferida pelo juiz eleitoral Flávio Bastos Sousa, o relatório que auxiliou a abertura da investigação foi recebido em dezembro de 2024 e indicava que o deputado “exerce papel central na manipulação dos pleitos eleitorais, tanto por meio da compra de votos quanto pelo direcionamento de recursos públicos desviados”.
O juiz também revelou indícios que ligam Júnior Mano ao desvio de recursos oriundos de emendas parlamentares, usados para sustentar seu apoio político e fortalecer sua base eleitoral. A investigação, que já contava com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), culminou na autorização de 15 mandados de busca e apreensão, que foram cumpridos em Brasília, Fortaleza e em outras quatro cidades do Ceará.
Além disso, o STF determinou o bloqueio de aproximadamente R$ 54,6 milhões em contas de investigados, abrangendo tanto pessoas físicas quanto jurídicas, o que acende ainda mais as luzes sobre a gravidade das acusações.
Denúncias iniciais e suas repercussões
A série de investigações começou a partir de uma denúncia da prefeitura de Canindé, no Ceará, que apontou irregularidades nas licitações e possíveis fraudes relacionadas ao uso indevido de emendas parlamentares. A divulgação dos detalhes do caso e a investigação em andamento mostraram-se essenciais para a transparência e a credibilidade do processo político no estado, além de reforçar a necessidade de rigor nas apurações de corrupção.
Com a situação se desdobrando, deputados e a população observarão com atenção as próximas etapas da investigação, que poderá levar a diversas implicações políticas e judiciais, se as denúncias forem confirmadas. O caso de Júnior Mano representa uma fraqueza nas práticas eleitorais, ressaltando a importância de eleições legítimas e transparentes para a democracia no Brasil.
Enquanto isso, Júnior Mano continua exercendo sua função no Congresso, aguardando a resolução das investigações que poderão mudar o rumo de sua carreira política.