Na última terça-feira (8/7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou a visita de Estado do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para direcionar críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O republicano anunciou a imposição de uma sobretaxa de 10% sobre produtos oriundos dos países que compõem o Brics, incluindo Brasil e Índia, alegando “posições antiamericanas” por parte dessas nações.
A importância das relações Brasil-Índia
Durante uma declaração à imprensa, Lula leu um discurso enfatizando a relevância da relação Brasil-Índia e o fortalecimento do Brics como um passo positivo em direção ao multilateralismo. No entanto, ao improvisar, o presidente brasileiro expressou descontentamento com a postura de Trump. Curiosamente, sua crítica ao líder americano não consta na versão oficial do discurso divulgada pelo governo brasileiro.
“Nós não aceitamos nenhuma reclamação contra a reunião do Brics. Por isso que nós não concordamos quando ontem [7/7] o presidente dos Estados Unidos insinuou que vai taxar os países Brics”, destacou Lula.
Esse momento foi significativo pois retrata a posição de Lula em defesa da soberania e do papel dos países do Brics no cenário internacional. Ele comentou sobre a importância de nações que buscam seu crescimento sem intromissões externas: “O que nós queremos é fazer com que os nossos países possam progredir. Queremos dizer ao mundo que somos países soberanos, não aceitamos intromissão de quem quer que seja nas nossas decisões”, declarou.
Reação de Trump e as tensões geopolíticas
Minutos antes do pronunciamento de Lula, Trump confirmou sua intenção de taxar os países do Brics, que incluem Brasil, Índia, Rússia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. O presidente americano afirmou que “eles têm que pagar 10% se estiverem no BRICS, porque o BRICS foi criado para nos prejudicar. O BRICS foi criado para desvalorizar nosso dólar”, apontou Trump durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca.
“Estarei assistindo à caça às bruxas de Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores, muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil — chama-se eleição. Deixe Bolsonaro em paz!”
Além de ameaçar a sobretaxa, Trump também expressou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e criticou o atual sistema judiciário brasileiro, transformando o tema em um ponto de contenda diplomática. A declaração do presidente americano ecoa as tensões pré-existentes entre lados opostos da política brasileira.
A defesa da soberania nacional
Contrapondo as declarações de Trump, Lula reiterou a necessidade de que o Brasil e outras nações em desenvolvimento devem ser respeitados em suas tomadas de decisões. A cobrança do presidente brasileiro destaca a busca por um equilíbrio nas relações internacionais, especialmente em um momento em que o mundo parece dividido entre velhas potências e novas alianças.
“Defendemos o multilateralismo, porque foi o sistema que, após a Segunda Guerra Mundial, permitiu que o mundo chegasse a um estado de harmonia que está sendo deformado hoje com o extremismo”, concluiu Lula em sua fala, sublinhando a necessidade de cooperação e respeito entre os países.
Com suas declarações contundentes, Lula procura solidificar a posição do Brasil como um ator global em ascensão, que não pretende se submeter a pressões externas. Enquanto isso, a resposta dos Estados Unidos e as reações de outros países do Brics continuarão a moldar o cenário geopolítico nos próximos meses.