Em um momento de intensa tensão política no Brasil, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) trouxe à tona uma polêmica discussão sobre as sanções do governo americano ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A conversa, que ocorreu durante uma entrevista no podcast War Room, apresentado por Steve Bannon, ex-assessor de Donald Trump, coloca em evidência as complexas relações entre a política brasileira e americana e os desafios enfrentados por Jair Bolsonaro e seus aliados.
Sanções de Trump e suas implicações para o STF
A ameaça de sanções ao STF por parte do governo dos Estados Unidos surge em um contexto de disputas acirradas entre a direita brasileira e o Judiciário. Eduardo Bolsonaro afirmou que, caso as sanções sejam implementadas de maneira tardia, elas não teriam o impacto político desejado. “Se demorarem a adotar as sanções, o regime se consolidará. Será muito difícil aplicar as sanções com efeitos”, alertou o parlamentar durante a entrevista.
As sanções em questão, conhecidas como Ofac, visam restringir transações financeiras e comerciais de indivíduos e entidades que são considerados uma ameaça. Ao propor que Alexandre de Moraes seja incluído nessa lista, Bannon e Eduardo Bolsonaro esperam que isso pressione o STF, abrindo caminho para uma possível candidatura de Jair Bolsonaro em 2026.
Pressão sobre o Judiciário e o cenário político atual
Segundo Eduardo, o efeito das sanções seria um recado direto aos outros ministros do STF, que poderiam temer consequências semelhantes. “Se enfrentarmos a Corte, eles [Lula e a esquerda] serão varridos do cenário político do Brasil”, afirmou, revelando a estratégia bolsonarista para intimidar os magistrados e moldar o futuro político do país.
No entanto, essa abordagem não é vista por todos como uma solução viável. A demora em anunciar as sanções já está frustrando aliados de Jair Bolsonaro, que apostam nessa medida como forma de intimidar o STF antes do julgamento que pode resultar na condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. Essa expectativa gera um clima de incerteza e tensão, não apenas entre os bolsonaristas, mas também na sociedade civil.
Divisões entre aliados de Bolsonaro
A proposta de sanções ao STF e a análise das consequências políticas encontram resistências dentro do próprio grupo de apoiadores de Jair Bolsonaro. Segundo interlocutores próximos ao ex-presidente, a possibilidade de uma sanção “light”, que envolva apenas a cassação de vistos, pode levar a uma percepção negativa sobre o poder da intervenção americana – uma “lavagem de mãos” por parte da Casa Branca que teria efeitos adversos.
“Se isso acontecer, pode passar a impressão de que o STF pode fazer o que quiser com o ex-presidente”, destaca uma fonte que preferiu não ser identificada. Essa divisão entre os aliados reflete as complexidades das relações políticas em jogo, bem como os possíveis desdobramentos nas eleições de 2026.
Um futuro incerto e arriscado
Enquanto a questão das sanções paira sobre o cenário político brasileiro, Eduardo Bolsonaro se apresenta como um defensor fervoroso de uma ação decisiva por parte dos EUA. Acreditando que “as sanções Ofac são o remédio certo contra esse vírus [da perseguição política]”, ele reafirma a importância de uma resposta rápida e eficaz para que o objetivo de garantir um espaço para Jair Bolsonaro nas próximas eleições seja alcançado.
“Hoje em dia, se você aplicar sanções à Venezuela, isso não mudará as coisas. No Brasil, ainda estamos em um momento em que estas sanções podem interromper agressões contra os opositores políticos”, completou, reforçando a ideia de que a situação política é delicada e exige atenção redobrada.
No fim das contas, a promessa de sanções por parte do governo americano poderia servir como um fator de alavancagem para a direita brasileira, mas também se revela uma faca de dois gumes. À medida que as tensões se intensificam, resta saber qual será a real eficácia dessa estratégia e suas repercussões nas eleições e no futuro do Brasil.