Horas após a deputada federal Dandara Tonantzin conseguir uma decisão judicial que permitiu a manutenção de sua candidatura à presidência do diretório estadual do PT em Minas Gerais, a direção nacional do partido optou, na noite de sábado, por adiar a eleição no estado. O pleito estava marcado para este domingo, em alinhamento com as eleições de outros estados brasileiros.
Adiado o pleito, nova data e discussões futuras
Além das eleições municipais e das eleições estaduais, a data de domingo também estava prevista para a escolha do novo presidente nacional do PT. Os candidatos a essa posição são Edinho Silva, Rui Falcão, Valter Pomar e Romênio Pereira. A nota divulgada pelo PT nacional informou que o caso de Minas Gerais deve ser tratado em regime de urgência na próxima terça-feira, a fim de que uma nova data possa ser definida.
Inicialmente, o diretório do partido em Minas havia anunciado que a eleição ocorreria como planejado, com Dandara Tonantzin como um dos nomes na cédula. Contudo, a alteração na decisão nacional trouxe confusão tanto entre os filiados quanto entre os candidatos.
Justificativas para o adiamento
As justificativas apresentadas pelo partido para o adiamento incluem a “impossibilidade logística” de incluir o nome da deputada nas cédulas já produzidas e distribuídas aos mais de 700 municípios mineiros em tempo hábil. Além disso, foi mencionada a “inviabilidade política” decorrente da insegurança que poderia ser imposta aos filiados que exercem seu voto.
“O adiamento cumpre a decisão judicial de garantir igualdade de condições aos candidatos, sem prejuízo da defesa do Diretório Nacional no processo referente a todas as decisões tomadas pelas instâncias internas do Partido”, diz trecho da nota oficial.
Candidatura de Dandara e as controvérsias políticas
A candidatura de Dandara foi barrada há duas semanas por motivos que envolviam uma dívida de campanha de R$ 130 mil, supostamente não quitada. Dandara, por sua vez, defende que o valor foi devolvido automaticamente pelo banco, e descuidou-se de um problema técnico que impossibilitou a regularização a tempo.
Essa decisão gerou reações acaloradas entre os aliados da parlamentar, que denunciam uma manobra política para enfraquecer a ala ligada ao deputado federal Reginaldo Lopes, um dos principais apoios à candidatura de Dandara. Lopes se encontra em uma disputa interna com aliadas que sustentam a atual tesouraria do PT, Gleide Andrade, que possui forte influência sobre a estrutura partidária.
Gleide Andrade defendeu a decisão de desqualificar a candidatura de Dandara por não ter cumprido os requisitos regimentais, afirmando que a deputada não pagou sua dívida até o prazo final e que a liminar foi emitida em um momento que inviabilizava alterações nas cédulas de votação.
Decisão judicial e seu impacto
No último sábado, a 17ª Vara Cível de Brasília concedeu uma decisão liminar favorável a Dandara, que determina sua reintegração como candidata ao diretório estadual do Minas Gerais. Em entrevista, Dandara expressou que a Justiça deu razão a sua demanda, reafirmando sua determinação de que a escolha do futuro presidente do PT deve ser realizada pelos filiados, em um processo claro e justo.
Além disso, a parlamentar informou que os documentos que comprovam a regularização do empréstimo realizado para quitar as pendências com o partido antes do prazo estabelecido devem ser levados em consideração.
A candidatura de Dandara reflete uma disputa mais ampla dentro do partido, que enfrenta desafios de unidade e estratégia, mostrando também a complexidade das relações internas no PT. Na ação na Justiça, a candidata apontou diversas irregularidades na condução do procedimento eleitoral que culminaram em seu indeferimento, apesar de sua inscrição regular e do cumprimento de obrigações financeiras com o partido.
As movimentações políticas e os próximos passos para a resolução da situação em Minas Gerais terão um papel crucial na definição do cenário eleitoral e organizacional do PT, tanto em nível local quanto nacional. A situação está longe de ser resolvida e o PT, que se prepara para a escolha do novo presidente, terá que lidar com os ecos dessa disputa interna nas próximas semanas.