Afoxé Filhos de Gandhy promove inclusão de homens trans no carnaval

Bloco de Salvador se compromete a expandir participação no carnaval, refletindo avanço na luta por diversidade e inclusão.

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O Afoxé Filhos de Gandhy, um dos blocos mais tradicionais do Carnaval de Salvador, anunciou um avanço importante em sua política de inclusão. Em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), a entidade se comprometeu a excluir uma cláusula que restringia a participação no bloco exclusivamente a homens cisgêneros. A mudança visa garantir que homens de todas as identidades de gênero possam se juntar aos desfiles do afoxé, representando um passo significativo rumo à igualdade e à diversidade no carnaval brasileiro.

Acordo com o Ministério Público

O acordo foi resultante de denúncias e manifestações que expuseram casos de discriminação, onde homens trans foram impedidos de participar dos desfiles com base nas regras do estatuto do Afoxé. A cláusula que limitava a participação foi denunciada como uma barreira à inclusão de uma parte significativa da comunidade LGBTI+.

Como parte do TAC, a associação de afoxé se comprometeu a realizar a alteração estatutária e a divulgar publicamente a mudança em suas redes sociais e site, reforçando que homens trans são bem-vindos no Afoxé Filhos de Gandhy. Além disso, a entidade concordou em promover ações de reparação social.

Ações de reparação social

Como parte do acordo, o Afoxé Filhos de Gandhy fará uma doação de R$ 10 mil ao Coletivo Mães da Resistência, uma organização que trabalha na defesa dos direitos de familiares de pessoas LGBTI+ que foram vítimas de violência. O valor será direcionado para projetos que beneficiem homens trans, contribuindo assim para o suporte e empowerment dessa comunidade que frequentemente enfrenta discriminação e violência.

Outro compromisso importante é a produção de até 400 camisas para o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat), uma entidade que atua em prol da visibilidade e direitos da população transmasculina no Brasil. Essas ações visam não apenas reparar a incidência de exclusão, mas também promover a conscientização sobre a importância da diversidade e inclusão social no carnaval.

História do Afoxé Filhos de Gandhy

Os Filhos de Gandhy são um marco no carnaval baiano, conhecido por sua rica história e tradições. Com cerca de quatro mil associados, o bloco tem um foco predominante na participação masculina, mas agora, com as mudanças acordadas, abre suas portas para uma maior diversidade. O bloco foi fundado em 1949 e tem como objetivo promover a cultura afro-brasileira, através da música e da dança.

O desfile deste ano foi especialmente significativo, acontecendo em um contexto de reavaliação das práticas inclusivas dentro das tradições do carnaval. O tema do desfile – “Ogum – O Senhor do Ferro, dos Metais e da Tecnologia!” – trouxe não apenas a celebração das raízes culturais, mas agora também uma nova luz sobre a inclusão e o respeito às diferentes identidades de gênero.

Impacto na comunidade LGBTI+

A inclusão de homens trans no Afoxé Filhos de Gandhy é uma vitória não apenas para os membros do grupo, mas para toda a comunidade LGBTI+ no Brasil. A luta por igualdade de direitos e a aceitação da diversidade continuam a ser temas centrais em nossa sociedade, especialmente em um evento tão emblemático como o carnaval, que representa um espaço de liberdade e celebração cultural.

A resposta ao acordo também tem sido positiva nas redes sociais, onde muitas pessoas expressaram apoio e alegria pela decisão do Afoxé. Este tipo de mudança segue uma tendência crescente em eventos culturais brasileiros, que estão cada vez mais abertos a discussão e inclusão das diversas identidades que formam a rica tapeçaria da sociedade brasileira.

Um carnaval mais inclusivo

Para os Filhos de Gandhy, este é um passo fundamental em direção a um carnaval mais inclusivo e representativo, mantendo a tradição, mas adaptando-se às novas demandas sociais. O compromisso de respeitar e acolher todas as identidades de gênero não é apenas um reflexo de uma sociedade mais justa, mas também uma celebração da diversidade que enriquece nossa cultura. A expectativa agora é que outros blocos também sigam esse exemplo, promovendo mudanças que garantam o respeito e a inclusão de todos.

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