O tão esperado anúncio de aumento na taxa Selic, previsto para esta quarta-feira (29) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), poderá ter efeitos significativos no varejo e na construção civil. A expectativa é que haja um aumento de 1 ponto percentual, o que elevaria a taxa básica de juros para 13,25% ao ano.
Este movimento, um esforço do Banco Central para conter a inflação, tende a gerar novos custos para empresas e consumidores, particularmente naqueles setores que dependem fortemente de financiamento e crédito.
Impacto no Varejo
No setor de varejo, o impacto é sentido principalmente em negócios que operam com prazos de venda e recebimento, como o varejo de moda e de eletrodomésticos. O aumento dos juros afeta diretamente o preço de produtos e serviços. Isso ocorre especialmente em empresas que vendem mercadorias e embutem o recebimento do pagamento via cartão de crédito em um mês, por exemplo.
O varejo de moda e linha branca, que têm um descolamento entre a venda e a data de pagamento pelo cliente, podem sofrer impactos diretos no preço. Pagamentos parcelados ou via cartão de crédito podem se tornar mais caros, pressionando o orçamento dos consumidores.
Desafios para a construção civil
Na construção civil, empresas que dependem de capital intensivo, como construtoras e fabricantes de maquinário, enfrentam custos adicionais com financiamentos e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que são geralmente indexados à taxa Selic ou ao CDI.
Com a nova taxa de juros, esses custos provavelmente serão repassados para os preços finais de imóveis e projetos de infraestrutura, afetando tanto investidores quanto compradores.
Decisão do Copom em contexto de inflação
A decisão do Copom acontece num cenário de inflação acima da meta definida pelo Banco Central. Em 2024, a inflação fechou o ano em 4,83%, enquanto a meta era de 3%, com margem de tolerância de até 4,5%.
A expectativa é que a taxa básica de juros continue aumentando ao longo de 2025, podendo chegar a 15% até o final do ano, conforme projeções do Boletim Focus. Para setores que dependem de crédito, isso representa um desafio adicional, impactando diretamente na capacidade de investimento e consumo.
O aumento da taxa de juros pode desacelerar a economia como um todo, reduzindo a demanda por bens e serviços. No varejo, segmentos que já operam com margens apertadas podem enfrentar dificuldades adicionais para absorver os novos custos financeiros. Por outro lado, empresas que operam com longos prazos de recebimento, como as do setor imobiliário, terão que reajustar suas estratégias para lidar com o encarecimento do crédito.
