As ações de combate ao desmatamento na Amazônia e à perda da biodiversidade já estão sendo operadas pelo Brasil, que busca a integração com países vizinhos para um trabalho conjunto voltado à preservação. A afirmação foi a base da participação da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, em uma extensa agenda de compromissos no Fórum Econômico Mundial, realizado na cidade de Davos (Suíça). Nesta quinta-feira (19/01), a ministra esteve no painel “A Amazônia em uma Encruzilhada”, que contou ainda com o governador do Pará, Helder Barbalho e com representantes de países e organizações engajadas nos debates associados à preservação da floresta.
“O Brasil está de volta à liderança das discussões globais do meio ambiente, comprometido com o desmatamento zero na Amazônia e com todas as ações para combater as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e para se juntar aos esforços de transição rumo a um modelo sustentável, tanto ambiental quanto econômico e social”, resumiu Marina. Ela destacou os retrocessos provocados na área ambiental, durante os quatro anos do governo passado. No entanto, foi enfática em sua mensagem sobre o que a comunidade internacional pode esperar do Brasil nos próximos quatro anos.
Adiantou que as principais medidas estão em curso: “temos um plano para controlar o desmatamento e combater a mineração ilegal; nós reinstituímos o Fundo da Amazônia e estamos montando um grupo interministerial, formado por 17 ministérios, para trabalharmos juntos, com a participação dos ministérios da Justiça e Segurança Pública, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, da Defesa, e Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome”, detalhou. “Entendemos que a proteção da Floresta Amazônica é um dever e queremos liderar pelo exemplo. Entretanto, sabemos que para protege-la temos que ter uma parceria forte com nossos vizinhos como a Colômbia, Bolívia, Equador, Venezuela, enfim, todos os países que integram o território da Amazônia”, pontuou.
VIAGENS PELA AMÉRICA LATINA — Neste sentido, Marina Silva revelou um plano que inclui viagens do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pela América Latina. “O presidente Lula viajará em breve, para conhecer os presidentes desses países e, a partir daí, queremos traçar uma estratégia comum”, explicou. De acordo com a ministra, o Brasil investirá em dois eixos de atuação: o combate à ocupação ilegal e a preservação de 57 milhões de hectares de terras indígenas. “Mas, para que tudo isso funcione, não precisamos apenas de ações de comando e controle. Nós temos que ter o desenvolvimento sustentável e é por isso que é tão importante que tenhamos parceiros e o apoio da sociedade civil, de governos e estados”, frisou.
Marina lembrou que ao longo dos dois primeiros mandatos do presidente Lula o Brasil avançou de forma contundente na proteção da Amazônia e, com isso, alcançou números relevantes. “Reduzimos o desmatamento em 83% e, durante quase 10 anos, evitamos que 5 bilhões de toneladas de CO² [dióxido de carbono, ou gás carbônico] fossem emitidas na atmosfera. Essa foi a maior contribuição para redução dos gases de CO² feita até hoje. Nós fomos o primeiro país a estabelecer metas de emissão de CO²”, prosseguiu.
SUSTENTABILIDADE — Ao longo da semana, Marina Silva discutiu em Davos o papel do Brasil no contexto de desenvolvimento econômico sustentável e apresentou a perspectiva brasileira para os próximos anos na área ambiental. Nesta quinta, ela ainda participou de encontros bilaterais com a ministra do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, Maria Susana Muhamad; com o comissário de Meio Ambiente da União Europeia, Virginijus Sinkevicius; reuniu-se com o presidente do Fórum Econômico Mundial, Børge Brende, e com o diretor administrativo do Centro para Natureza e Clima do Fórum Econômico Mundial, Gim Huay Neo.
Marina Silva também participou de um encontro multilateral que debateu os caminhos para o desenvolvimento de uma bioeconomia na Amazônia — mediado pela presidente do Instituto Igarapé, Ilona Szabó de Carvalho — e de uma mesa redonda que tinha como objetivo traçar os cursos para a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 28.